29 outubro, 2008

UM POEMA


SINAIS DOS HOMENS

Foram-se as folhas que não caíram
por si próprias.
Ficaram as árvores desalmadamente nuas
despidas por mãos de cal e pedra
e demasiadamente previstas.
Quais esculturas obscenas e pequenas.
O sol, esse, nem apareceu para se indignar.
Veio o vento veloz, atroz
ver o negro despir,
o verde cair
o desnudar da imagem
o enfeiar da paisagem.
Em poucos tempos
gelou geladamente o ar.
Apenas os carros passantes
espelhantes constantes
passavam elegantemente
ignorando o estertor dos homens
insensíveis
inamovíveis
intransponíveis
por demais fatais para seres
pequenos, amenos
que por haveres, apenas tinham
umas quantas folhas à noite
só à noite, uma vez por dia.
Ficaram as árvores nuamente
preparadamente
para uns natais, excessivos
vaidosos
de pontos luminosos
numa cidade sem verdade
escura, impura
e pouco atenta aos sinais
aos belos sinais,
que pequenos animais
nunca se cansam de nos dar.

e nós distraidamente
continuamente
passamos ao lado.

Lindamente…




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