Folíum ou Fodíum
Já há uns tempos que ando para falar deste assunto. E o assunto tem a ver com revista Folíum, recentemente lançada pela Associação dos Amigos do Arquivo de Penafiel, com a colaboração da Câmara Municipal de Penafiel.
Trata-se de uma revista com bom aspecto, cujo conteúdo versa vários temas. Desde a prostituição, a temas como o relacionado com a Quinta da Aveleda, passando pela emigração, nesta revista podia-se ter escrito algumas páginas da nossa penafidelidade. Mas tal não aconteceu.
A partir de documentos verdadeiros, podia-se ter recriado cenas, histórias, e ambientes de e em Penafiel e para penafidelenses de todo o mundo. Podia-se projectar, transportar, dar continuidade, catapultar aqueles documentos para verdadeiras histórias de encantar, que até seriam ponto de partida para alguma pedagogia cultural e histórica de Penafiel.
Esta revista não tem quanto a mim, interesse nenhum. Os penafidelenses que serão os que mais interessados podem estar na sua leitura, não deixarão de ficar desiludidos com semelhante conteúdo. São contadas algumas histórias de qualidade e interesse muito duvidosos.
Nesta revista, alguns dos “contos” para além de abusos de linguagem, contêm algumas imprecisões factuais, o que denota a falta de cuidado nela colocados. Assim, entre outros:
O texto “Estação Penafiel”, contem um plágio no último parágrafo da página 17. Tanto quanto me foi dado a conhecer, aquele parágrafo é de autoria de um tal Manuel Paula Maça e foi publicado na “Gazeta do Tejo” em data que se desconhece. Depois é de muito mau gosto especular sobre alguém) que até pode ter família viva em Penafiel) que se prostituiu por necessidade.
Eu só gostava de saber se algum dos membros que constituem a Associação dos Amigos do Arquivo de Penafiel, se a directora do Arquivo, se o Sr. presidente da Câmara de Penafiel, gostavam de ver “recriada” a vida de algum dos seus antepassados, com um passado menos bonito.
O conto “Ana da Silva, costureira de alfaiate” é de uma vulgaridade confrangedora. Faz lembrar uns livritos que correram de mão em mão nos anos sessenta, chamado “A Marca dos Avelares” que fez gaiolas para uma adolescência inteira, às escondidas de Pai Filho e Espírito Santo, mais o Salazar e a GNR.
Como bem faz entender o Serapião d´Algures, se aquela marmelada fosse feita por algum penafidelense, a coisa não seria tão doce. Mais, era capaz de fazer cair o Santuário do Sameiro ao lago. O que se calhar até seria positivo, porque podia dar origem a um tsunami capaz de destruir algumas intelectualices que por aqui vão dando à costa.
Para (não) se entender o quarto conto, é preciso lê-lo 500 vezes. Diálogos sem sentido, porque não se entendem. Alguém percebe aquilo? Alguém tem paciência para tretas daquelas? Ai estes intelectuais... estes intelectuais. Ainda estão piores que o Saramago, porra.
O autor do quinto conto, levou o Santíssimo Sacramento de Penafiel para Braga (ele é de lá), e para as freguesias da Vitória e Santo Ildefonso no Porto para o “Lava Pés”. Santíssimo Sacramento da Literatura, tende piedade de nós. Já estou a ver quem é que precisa de lavar os pés da imaginação.
O texto relacionado com a Quinta da Aveleda, diz que em 1831, esta terra era Arrifana de Sousa, quando toda a gente sabe muito bem, que já era Penafiel há mais de meio século.
Aqui chegado, devo dizer que a Associação dos Amigos do Arquivo de Penafiel, o Arquivo e a Câmara Municipal de Penafiel, não prestaram um bom serviço ao próprio Arquivo, à própria Câmara de Penafiel, à nossa terra e muito menos às pessoas visadas. Pelo contrário, desprestigiaram algum passado, alguma história e algum património penafidelense.
Por isso não posso estar de acordo com as palavras do Dr. Alberto Santos, presidente da Câmara Municipal de Penafiel, no prefácio da revista, quando diz que: “É de inteira justiça felicitar este naipe de eleitos que (re)criaram as histórias que esta revista traz agora à luz do dia, pelo enorme talento que revelaram, oferecendo ao leitor momentos de prazer na fruição de contos de rara beleza literária”.
Até podia ser, mas na minha opinião isso não aconteceu.
Para finalizar, tendo em conta a linguagem e o conteúdo dos textos de Héliot “Estação de Penafiel” e de Jorge Velhote “Ana da Silva costureira de alfaiate”, o título desta revista não devia ser Folíum, mas sim Fodíum...
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