29 abril, 2008

PENAFIEL CADA VEZ MELHOR



De há uns tempos a esta parte, Penafiel está debaixo de uma parafernália de (e)ventos que eu sei lá. (E)ventos fortes, mas também com alguma precipitação, esta por confirmar, evidentemente. Daqui por algum tempo, vamos ver se chove ou não.

No ano passado foi anunciado um (e)vento forte. Um (e)vento que só ocorre em Penafiel de cem em cem anos, como o nosso presidente da Câmara Municipal, Alberto Santos, fez questão de frisar. Estou a falar concretamente do “Paraíso da Brincadeira”, vulgo Bracalândia, o tal equipamento que, estima-se, vai receber por ano cerca de 350 mil brincalhões, dando trabalho a não sei quantos penafidelenses desempregados

Mas atenção, já há quem diga que o parque temático já não vem para cá. Vendo a “boca” pelo preço que a comprei. E se não vier, também não faz falta nenhuma. Prefiro o Recreatório recuperado, sem qualquer dúvida.

Seguiu-se depois o anúncio de mais um (e)vento. Só que este não é um (e)vento qualquer. Este não é forte, é fortíssimo. É um ciclone, é um tufão, é um tornado. Novelas vai tremer com semelhante (e)ventania. Parece que já estou a ouvir o Tony de Matos a cantar “vendaval passou, nada mais resta…” A cidade está de malas aviadas para Novelas. O centro cosmopolita, o CBD de Penafiel, vai ser ali. Vai lá estar tudo.

Habitação. Como se já não houvesse nesta terra oferta que chegue. Bombas de gasolina. Há tantas, que a gente agora só se lembra é de eventuais bombas da Alquaeda. Comércio. Quando tal, há mais vendedores que compradores. Campo de futebol. Está visto que o nosso maior embaixador quer mudar de casa. Está visto, que o nosso FCP, como está para subir de divisão, já não tem espaço para se movimentar. Já anda a trautear a canção da Lenita Gentil, “Preciso de Espaço para ser Feliz”. Está visto que o nosso FCP, de tanto se esticar, já tem a cama curta.

Bom, mas o núcleo, o olho da tempestade, está concretamente no Shopping Center Dali de Baixo, que segundo estimativas “muito realistas”, vai receber logo no primeiro ano 6 milhões de visitantes, com uns tantos milhares de empregos à cabeça.

Nesta matéria, aqui deixo umas questões, ao presidente da edilidade penafidelense, mesmo correndo o risco de ser um tanto repetitivo, porque creio que já falei disto: Com tanto “fogo de artifício”, com tanta “luminosidade” ali para os lados da estação, não irá a cidade ficar mais às escuras? Com tanta urbanidade, com tanto desenvolvimento, com tantas atenções viradas para os lados do Rio Sousa, como é que vai resolver o problema da desertificação da zona histórica de Penafiel?

Desconfio que os (e)ventos de Novelas vão ser de tal forma fortes, tão abrangentes, que os seus efeitos devastadores se vão fazer sentir na zona nobre desta terra, varrendo-a do mapa.

E agora, veio num jornal da região do Vale do Sousa, uma primeira página com o nosso Presidente da Câmara Municipal, dizendo em entrevista que: Penafiel vai receber o maior evento de massas de sempre”. E de que se trata, pergunta o barbas ao vento que passa? Evento de massas? Não se tratando do Toy, do Quim Barreiros, nem do Tony Carreira, o que poderá ser? Não haverá neste (e)vento, que se anuncia forte, também alguma precipitação do presidente da autarquia de Penafiel? Vamos ver. A chuvinha faz muita falta, mas espero que não meta muita água, porque senão vai tudo pró maneta, como no tempo dos (e)ventos napoleónicos.

E afinal o que vem a ser o “maior evento de massas em Penafiel”, como anuncia Alberto Santos? A leitura da entrevista diz-nos que é um mundialito de futebol de praia em Entre-os-Rios, no Verão. Só que, e contra o costume, não é referido o número de visitantes que se prevê, nem quantos postos de trabalho vai dar origem.

Eu não queria dar por terminado este texto sem embalar no “diz que diz”. Não resisto à tentação de pôr a boca no trombone. Ouvi dizer que, o que vai substituir o café e a esplanada do Jardim do Calvário, é uma pizzaria.

Ora aqui está uma excelente ideia. Aqui é que vai nascer um (e)vento de massas e de massa. Já imaginaram, eu, bucolicamente sentado junto ao busto do poeta António Nobre, com o “Só” numa mão e uma fatia de pizza noutra?

Há porém, virtudes neste empreendimento. Como estamos a falar de massa, é bom lembrar que os cereais são óptimos para a saúde. Pode ser que esteja aqui a solução para alguns problemas de subnutrição, que é uma das causas de tuberculose, que está em franco regresso, no Vale do Sousa, concretamente em Penafiel.

Eu ainda não queria meter a viola no saco, não queria ir embora, sem enaltecer e aplaudir dois (e)ventos monumentais que foram sugeridos na última Assembleia Municipal, a saber: o presidente da Junta de Freguesia de Eja, tendo em conta o sucesso alcançado este ano, sugeriu o alargamento no próximo ano, do período do (e)vento gastronómico da festa da lampreia em Entre-os Rios.

A outra sugestão partiu de Fernando Malheiro. Este deputado socialista sugeriu um (e)vento marca anzol, que, dada a sua importância é estruturante para Penafiel. Então não é que o ex-presidente da Junta de Novelas se lembrou de mandar os penafidelenses à pesca. Propôs a criação de uma pista de pesca desportiva no Rio Sousa, ali na futura zona mais do concelho? Espectáculo. Os peixes têm que se pôr finos.

Razão lá tem o deputado social-democrata, Alberto Clemente, quando disse ainda na dita Assembleia Municipal, que “Penafiel está cada vez melhor”.
Eu também acho. Com tantos e tantos, interessantes e estruturantes investimentos. Com tantos e tantos e tamanhos eventos. Perante semelhante desenvolvimento, a minha terra, já não é uma terra, é um aterro.

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