JORNAL 3 DE MARÇO - Opinião
APELO AOS UTENTES DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
O Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde (MUSS), apela aos utentes para que no próximo dia 12 do mês em curso se mobilizem e se juntem a todos quantos se julgam prejudicados, nos seus direitos e interesses, pelas políticas postas em prática pelo governo do Primeiro Ministro José Sócrates, dito socialista.
O ataque aos serviços públicos, imprescindíveis para uma boa qualidade de vida dos portugueses, tem sido a pedra de toque deste executivo governamental que, embora diga o contrário, reduz toda a sua estratégia a uma visão economicista ou mercantilista desses mesmos serviços.
E o Ministério da Saúde, pelo caminho seguido e pela velocidade imprimida às suas acções, avança na frente desse pelotão.
As últimas medidas anunciadas, quer em relação ao pagamento dos actos médicos nessas mesmas instituições, a par do aumento das taxas moderadoras, do preço dos medicamentos e do encerramento de serviços e unidades de saúde com provas dadas de boa prestação, são umas prova clara daquilo que afirmamos.
A esmagadora maioria da população portuguesa, tão vulnerável e carenciada, já não suporta mais estes desvarios neo-liberais que contrariam o texto da nossa constituição e as recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde), colocando até o nosso país numa posição crítica em relação aos parceiros europeus.
Não nos devemos esquecer que o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS), após ser criado, constituiu um factor decisivo para uma evolução notável dos indicadores de saúde e de qualidade de vida da nossa população, merecendo da OMS a classificação honrosa de 12.º na prestação de cuidados médicos. Como vai longe esse tempo. Tanto o actual governo como os anteriores, ao aplicarem ou pretendendo aplicar as políticas conhecidas de esvaziamento do SNS, entregando aos privados os seus liquidatários. Temos agora uma boa oportunidade para mostrar o nosso descontentamento e não devemos portanto desperdiçá-las.
Manuel Vilas Boas
MUSS - Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde
CARTA ABERTA AO SR. MINISTRO DA SAÚDE
O Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde (MUSS), considerando que o direito à saúde é um direito civilizacional que se concretiza através da promoção da mesma e da equidade dos seus acessos à população, que é um direito e um dever reconhecido internacionalmente participar individual e colectivamente no planeamento e na execução dos cuidados de saúde, que a Constituição da República Portuguesa consagra no próprio texto o carácter geral, universal, de qualidade e tendencionalmente gratuito do SNS-Serviço Nacional de Saúde vigente no nosso país, que este movimento tem como linha de intervenção, entre outras, a de tomar posição de denúncia e de combate às políticas de saúde, pelos grupos económicos e organizações internacionais, políticas essas que possam prejudicar os direitos e interesses dos utentes, vem junto do Sr. Ministro da Saúde solicitar a sua melhor atenção para algumas medidas ultimamente postas em prática como fazendo parte do programa do Ministério, e que se têm caracterizado essencialmente pelo encerramento de maternidades, centros de saúde, serviços de atendimento permanente, pela criação de taxas moderadoras, agora aumentadas e alargadas a análises clínicas, consultas de especialidade e exames complementares de diagnóstico, pelo aumento do preço dos medicamentos e a diminuição da comparticipação em muitos deles, inclusive dos destinados aos utentes que sofrem de doença crónica, pela intenção anunciada do pagamento pelos utentes dos actos médicos nos hospitais, tais como as cirurgias do ambulatório e os internamentos, como se fossem os utentes a decidir por sua recriação estes actos, enfim, todo um programa de acção que, na prática, prejudica os utentes nomeadamente os de menos recursos que são a grande maioria, os desempregados, os reformados e os pensionistas.
E, diz-nos o “marketing” político, que as populações vão usufruir de melhores cuidados de saúde, pois tudo isto acontece mercê de estudos encomendados pelo Ministério da Saúde e elaborados por comissões de “sábios” cujas conclusões, dizemos nós, certamente, estarão em consonância com as encomendas. E será que uma destas dirá directamente respeito ao objectivo de encerrar os hospitais psiquiátricos, negociando a passagem dos doentes para as Misericórdias?
As medidas até agora postas em prática, configurando uma autêntica “implosão” do SNS, seguramente não vão no sentido de melhorar a vida dos portugueses, especialmente os de menores possibilidades e os mais vulneráveis.
Cabe-nos também a nós, MUSS, avaliar as respostas dos serviços de saúde às necessidades sentidas pelos utentes.
Pensamos que o sistema está numa encruzilhada da qual é imprescindível sair com urgência, sobe pena de vermos hipotecado o futuro das novas gerações e o presente da nossa
Alertamos o Sr. Ministro da Saúde.
Manuel Vilas Boas
MUSS – Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde.
SÓCRATES DIZ NÃO À CICUTA
O Presidente venezuelano Hugo Chávez, ao subir à tribuna das Nações Unidas para discursar, um dia depois de, no mesmo local, o ter feito George W. Bush, afirmou ao pisar o tablado: “este lugar ainda cheira a enxofre! O diabo esteve aqui ontem, passou por aqui não tenho dúvida!”
É claro que estas palavras tiveram eco por toda a parte e também cá chegaram, como é natural. Não é todos os dias que alguém se atreve, ou tem a coragem de apelidar o “senhor do mundo”, de malfazejo, demónio, génio do mal, satanás, etc., etc., etc..
Volvidos alguns dias, eis que surgem na Venezuela, cartazes de propaganda política eleitoral mostrando o Eng.º Sócrates ao lado do “dito cujo Chávez”, (o tal que manda as tais “bocas foleiras” ao chefe da Casa Branca e do World).
Claro que o nosso “engenheirito”, não querendo ver-se envolvido nem conotado com esse “malcriadão” do Hugo e suas políticas, e temendo, quem sabe, que o patrão Bush lhe passasse alguma reprimenda, sai correndo aflito e apavorado, gritando: “TIREM-ME DAÍÍÍ!...”
Moral da história: Acredito que a imagem do nosso “portuguesito 1.º ministrinho”, foi usada abusivamente lá por terras venezuelanas. Acredito que a sua imediata reacção se deveu em parte, ao facto de ainda estarem muito frescos os “insultos” a Bush, e não fosse este pensar que ele, Sócrates, estivesse de acordo com esse tal “malcriadão” do Huguinho!...
Mas acima de tudo acredito que, se a imagem do “engenheirito” aparecesse em Londres ou Washington ao lado dos respectivos presidentes, mesmo sem ser autorizada, a sua atitude teria sido outra, não tenho qualquer tipo de dúvida!
Aí acredito que a sua imediata reacção teria sido de orgulho, e até quiçá de gratidão!...
Sérgio Marques
Porto
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