FALAR DE FUTEBOL
Prostituição da comunicação social
Palavra de honra que não estava à espera de vir a falar de futebol. Não faltam outros temas distintos que apelam a minha atenção. Mas os últimos acontecimentos ligados ao futebol e aos jornais, clamam umas tretas, que passo a escarrapachar.
No passado domingo, dia 4 de Março, o Jornal de Notícias, trazia na primeira página a foto do jogador do FC Porto Adriano, que marcou o golo da vitória ao Braga na noite anterior, dedicando-lhe um espaço bem maior que um postal. Mas este jornal cedeu apenas um espaço do tamanho de um selo também na primeira página, à atleta Naide Gomes, que conquistou uma medalha de ouro nos campeonatos europeus de atletismo, no triplo salto, também no dia anterior. Será que o golo do brasileiro Adriano é mais importante do que o título europeu da portuguesa Naide Gomes? Isto é jornalismo bacoco, provinciano, rasca e abaixo de zero. Não dá para entender.
Isto não é novidade. Isto já vem acontecendo ao longo dos tempos, o que é de lamentar.
Mais recentemente, na semana das provas europeias, o Porto jogou com o Chelsea, o Benfica com o Paris Saint Germain e o Braga com o Tothennam. No dia seguinte ao jogo de Londres, em que o Porto perdeu, os jornais desportivos portugueses o que é que traziam nas suas primeiras páginas? Traziam apenas Benfica por todo o lado: O “Record” encheu a sua primeira página com “um enigma chamado Derlei”. O jornal “A Bola” também na sua primeira página, chamou a atenção para um diamante benfiquista de cinco jogadores do SLB. O “Jogo” de Lisboa, encheu o olho com o Luisão. O Luisão joga onde? Portanto ignoraram completamente o jogo Chelsea-Porto.
Passados dois dias, isto é, no dia seguinte ao jogo de Paris, em que o Benfica perdeu com o clube de Pauleta, o que é que os mesmos jornais chamaram às sua primeiras páginas? O que é que havia de ser? Outra vez Benfica por todo o lado. Grandes fotos e grandes parangonas sobre o acontecimento do Parque dos Príncipes. Este jogo para aqueles jornais da capital, foi muito mais importante, que o outro que opôs Jesualdo Ferreira a José Mourinho.
Estes jornais, esqueceram-se completamente que o Sporting de Braga também jogou na mesma noite e para a mesma competição europeia.
Mais, no dia seguinte ao jogo PSG-SLB, o telejornal da televisão que comemorou agora 50 anos de “serviço público”, abriu o seu noticiário com o tal “jogo do ano” da capital francesa. Então e o Braga? Então e a equipa de Jorge Costa não jogou?
Claro que isto não é nada a que não estejamos habituados.
Mas que é jornalismo no seu melhor, lá isso é. Faz lembrar o antigamente, quando o Benfica tinha toda a comunicação a seus pés e exportava o Eusébio para todo o mundo. Isto faz lembrar o tempo do outro senhor. Aquele que caiu da cadeira e que agora se prepara para ser o maior português de sempre. Também não é caso para admirar, com seis milhões de simpatizantes, não se podia esperar outra coisa!
Isto é o futebol em toda a sua dimensão e uma comunicação social do tamanho de Portugal. Uma comunicação social que se prostitui com algumas cores.
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