27 fevereiro, 2007

ESTACIONAR EM PENAFIEL


Uma história de pasmar


O cantor Fausto (aquele do “Por Este Rio Acima”), tinha uma canção em que dizia mais ou menos isto: “Oiçam meus senhores, o que vos quero contar, quero-vos contar uma história, uma história de pasmar”
O que eu aqui venho fazer é precisamente isso, contar uma história de pasmar.

Todos nós sabemos que estacionar em Penafiel, é um cabo dos trabalhos. Para arrumar o nosso veículo num canto qualquer da cidade, ou não há lugar, ou se há, é a pagar. Mais dia menos dia, nem os quelhos das Castanhas, da Atafona, ou do Abade, e as travessas dos Fornos, do Carvalhal ou da Fábrica, escapam ao tilintar da “moeda na Máquina”, imposta por uma qualquer empresa ligada aos estacionamentos.

Podem dizer que em qualquer lado se passa o mesmo. È verdade, o que não de piorar a situação. Mas Lousada, aqui mesmo ao pé, não é assim. Lousada é uma cidade livre. Respira liberdade por todos os poros, por todas as ruas e avenidas. Em Lousada podemos estacionar quando e onde quisermos sem nada pagar. Aquilo sim. Aquela nesta matéria é a verdadeira capital do Vale do Sousa. Um dia destes, na minha terra, ainda vou pagar aparcamento por ter o meu carro à minha porta, tal a ânsia de sacar dinheiro às pessoas. Não há decoro.

Esta prosa toda, vem na sequência de uma reunião pública de Câmara Municipal de Penafiel, a que tive oportunidade de assistir recentemente. E foi nesta matéria de estacionamentos, envolvendo a empresa “Penafielparques”, que o Sr. vereador, Eng.º António França, numa vigorosa e esclarecedora intervenção, pôs a nu algumas “coisas de pasmar.

A empresa “Penafielparques” é detentora da exploração dos lugares de estacionamento à superfície na cidade, o mesmo acontecendo em relação à exploração do parque de estacionamento subterrâneo, em plena rotunda do Alberto Pinto. Em virtude de obras de requalificação urbana, recentemente executadas pela Câmara Municipal, esta empresa ficou prejudicada em 54 lugares de estacionamento ao longo das avenidas principais da cidade. Para compensar esta perda, a edilidade atribuiu-lhe mais 80 lugares. Portanto 26 lugares a mais, espalhados por becos e esquinas da cidade. Deviam ser juros. Logo e aqui a “Penafielparques” não tem razão de queixa.

Mas a história de pasmar, começa aqui. Tendo em conta o que foi dito na tal reunião camarária, a empresa “Penafielparques” não satisfeita com o que a Câmara lhe concedeu, quer mais 70 lugares. E onde são esses 70 lugares? Nem mais nem menos, que junto à clínica Arrifana do Sousa, junto à Fonte do Carvalho. Esta história não é de pasmar?

Então eu (desculpem a comparação) que, tendo sido vítima da construção de uns andares junto à minha casa, perdendo com isso o sol de Inverno, vou reivindicar junto do pelouro do urbanismo da CMP, que consentiu aquela construção, em compensação, uma praia inteira cheia de sol só para mim. Era bom, era.

Quer dizer, os utentes daquele estabelecimento de saúde, vão estar sujeitos a pagar um bom negócio à “Penafielparques”. Porque aquilo é gente a mato. Espera-se que neste caso o bom senso impere. Espera-se que a Câmara pondere bem este problema, pedindo eu a deus que Alberto Santos e Companhia não se deixem ir em cantigas, tal o absurdo da situação.

Meus amigos, o que está a desencadear todo este imbróglio, o que está a originar este ataque infame ao bolso dos automobilistas, é a falta de clientela no parque subterrâneo ao futuro Museu Municipal. Aquilo é um fiasco total. Aquilo é um buraco de todo o tamanho. Ninguém lá vai deixar os carros. Pudera, naquele local e com os preços lá praticados. Nem mesmo com o encerramento de algumas zonas onde muitos cidadãos estacionavam, como por exemplo, nos terrenos da antiga Serração e nos do Adriano da Quinta, as coisas mudarem de feição. O cinismo chegou ao ponto de encerrarem todos os pontos onde podiam haver lugares de estacionamento, só para obrigarem os automobilistas a irem direitinhos ao parque da rotunda, a pagantes. Mas os penafidelenses, e não só, mostraram, imitando aquele gesto do Zé Povinho, à administração da “Penafielparques”.

Penafiel está a ficar atolado em lugares de estacionamento, condicionados pagos. Um dia destes ainda vamos ser confrontados com parcómetros em qualquer quelho, qualquer travessa, qualquer ruíta. Qualquer dia, temos de meter moeda para deixar o nosso pópózito em ruas como a do Sacramento, Direita ou do Carmo.

Eu estou é admirado como é que a “Penafielparques”, ainda não se lembrou de reivindicar à Câmara Municipal, o Campo da Feira. Só ali tem 300 lugares Era uma mina.

Eu, se fosse à Câmara Municipal, dava de mão beijada à “Penafielparques”, não 80, não 100, não 500, mas mil lugares de estacionamento... na Brenha. Pode ser que lá se venha a construir um campo de golfe, ou coisa que o valha

Penafiel devia comportar-se como uma qualquer superfície comercial. Dispor para a sua clientela, nesta caso, visitantes, forasteiros e turistas, óptimas acessibilidades e melhores áreas de estacionamento gratuito, para se poder ouvir dizer “eu vou a Penafiel dar uma volta, porque lá não falta onde estacionar”. Penafiel precisa de se libertar de alguns estigmas, como: “Chegou, viu, estacionou e pagou”, ou “Pare, escute e olhe... o parcómetro mais próximo”. Por isso, Penafiel não é uma cidade simpática.

Com estas e outras e nossa terra pode perder protagonismos, visibilidade e competitividade, como muito bem disse o Sr. vereador António França, na última reunião pública do executivo da Câmara Municipal de Penafiel.

Isto a continuar assim, um dia ainda vou a uma sapataria comprar uns sapatos, e depois tenho de pagar a uma empresa criada para o efeito, uma determinada verba em dinheiro, para andar com eles. Isto do estacionamento a pagar em qualquer lugar, está a ficar insuportável. E o cerco tende a apertar-se cada vez mais.

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