05 março, 2007

UMA VISÃO POMBALINA


Atribuição da Medalha de Ouro a Justino do Fundo


Na ultima sessão da Assembleia Municipal de Penafiel, que ocorreu no passado dia 9 de Fevereiro, o deputado Adrião Cunha da CDU, propôs à Câmara e à Assembleia Municipais, a atribuição da Medalha de Ouro da Cidade de Penafiel, ao cidadão e ex-presidente da Câmara, Justino do Fundo, aventando inclusive a hipótese de esta ser feita no próximo dia 25 de Abril.

Mais uma vez Adrião Cunha esteve no seu melhor. Pela oportunidade, pela justeza e acima de tudo pela insuspeição da sua lembrança. De facto, o deputado municipal Adrião Cunha, é insuspeito nesta matéria, na medida em que a CDU, foi a única estrutura partidária por onde Justino do Fundo não passou, embora tenha “pairado” no MDP no pós 25 de Abril de 74.

Porque razão, o PS, o PSD e o CDS/PP não se lembraram de levar uma proposta destas à AM, uma vez que o ex-presidente da Câmara, foi por eles candidato à edilidade (vencedor pelo PS três vezes, e vencido pelo PSD e CDS/PP, mas fazendo estes dois partidos subir muito as suas votações)? Estes partidos ainda não se lembraram de homenagear Justino do Fundo porque são partidos ingratos. Os partidos são o que são e está tudo dito.
A Câmara Municipal e a AM não devem descurar este lamiré de Adrião Cunha, porque, se há de facto cidadãos em Penafiel que merecem uma homenagem dourada, este é sem dúvida, Justino de Fundo.

Este texto, esta “ousadia”, não é nenhum tributo ao homem, ao autarca que conseguiu realizar a “obra do século” em Penafiel. E a “obra do século foi “tão só e apenas” a resolução de um dos problemas mais graves com que Penafiel se debatia na altura, que era a nossa crónica falta de água. Neste texto, eu pretendo apenas dizer que estou de acordo, subscrevo inteiramente, a eventual condecoração de um presidente de câmara da minha terra, que teve uma autêntica visão pombalina, quando conseguiu para Penafiel o Hospital Padre Américo do Vale do Sousa. Parece que Justino do Fundo sabia o que estava para acontecer!
E toda a gente sabe o que está a acontecer. O mundo português sabe muito bem o que se está a passar neste país, no que à saúde diz respeito. Refiro-me evidentemente aos injustos encerramentos das urgências de hospitais. Toda a gente vê como estas medidas estão a cair mal nas populações. Ninguém fica indiferente às justas reacções das pessoas, em particular daquela gente mais idosa, mais dependente, mais frágil e mais pobre.

Embora o “sinistro” da saúde, Correia de Campos, diga o contrário, o que está a acontecer em Portugal, nada mais é que um projecto economicista, que chega ao despautério de levar a efeito medidas tão anti-democráticas, tão fascistóides, tão desumanas e tão avessas ao bom senso e à inteligência. Para Sócrates e companhia, um cidadão, não passa de um mero número. Um número reles. Um número abaixo de zero, tal é a consideração que este governo tem pelo elemento humano. Há neste governo um défice acentuado de cultura humanista.

Ora em Penafiel, estas situações jamais poderão acontecer. E não acontecem, porque o Sr. presidente da Câmara (82/93) Justino do Fundo, que pensava mais depressa nas futuras gerações que nas próximas eleições, teve uma visão de longo alcance, uma visão de futuro, uma visão pombalina, como foi dito atrás, ao conseguir trazer para a nossa terra o novo hospital. Porque senão, nós penafidelenses, também teríamos de andar com a cruz das doenças às costas, a morrermos pelo caminho à procura do hospital mais próximo, como está a acontecer neste adoentado país. Nesta matéria, Justino do Fundo está para Penafiel, como o Marquês de Pombal esteve para Lisboa.

Justino do Fundo, lembro-me bem, que foi um presidente da câmara que, todos os dias à noite, de mãos atrás nas costas, ia dar uma volta a pé pela sua cidade, fazer uma espécie de “ponto da situação” àquilo que podia apelar um olhar mais atento, mais preciso, merece de facto o reconhecimento de Penafiel e de todos os penafidelenses.
Esta homenagem, Justino Teles, como também era conhecido, merece-o também por algumas coisas que não fez em Penafiel. Eu disse não fez, note-se. De facto, não foi obra dele, ou de algum dos seus executivos camarários, por exemplo, a trági-cómica mudança do Centro de Saúde para Milhundos, quando havia mesmo em frente do antigo Posto Médico, todas as condições em espaço físico para ali ficar, e as requalificações urbanas na zona nobre da cidade, entre os cafés Centopeia e Nova Doce. Também por isso, por aquilo que não fez, a atribuição da Medalha de Ouro da Cidade de Penafiel, a este cidadão penafidelense, faz todo o sentido e só peca por tardia.

Quanto à data preconizada por Adrião Cunha, o 25 de Abril, penso não ser a melhor. É apenas a minha opinião, mas a data que mais tem a ver com o perfil e a carreira “política” de Justino do Fundo ao serviço do concelho de Penafiel, será no dia 3 de Março mais próximo, já que não pôde ser este ano de 2007. Não que Justino (perdoe-se-me a familiaridade) tivesse ficado alheiro ao 25 de Abril. Não que Justino fosse contra a revolução dos cravos. Claro que não. Todos sabemos que o homem que construiu a Biblioteca Municipal, aderiu desde a primeira hora, de alma e coração, à restauração da liberdade e da democracia em Portugal.
Penso que o dia 3 de Março, é a data mais apropriada. O dia 3 de Março, é o melhor dia, porque sendo dia de aniversário de Penafiel, logo é dia de aniversário do verdadeiro partido de Justino do Fundo. È verdade ou mentira que o ex-presidente da Câmara, que levou a efeito a construção do nosso Palácio da Justiça, dizia constantemente, que o seu partido era... Penafiel?

É tempo de Penafiel saber agradecer, saber reconhecer os seus, como o fez ainda agora com o jornalista e escritor penafidelense Germano Silva. É o seu dever. É a sua obrigação.

Termino dando os parabéns ao deputado municipal Adrião Cunha, por ter estado mais uma vez na linha da frente, quanto a lembrar-se dos verdadeiros amigos de Penafiel.
Assim se vê, a força do... AC.

eXTReMe Tracker