11 julho, 2007

O CIRCUITO DA BOAVISTA
E OS LADOS PERVERSOS DO AUTOMOBILISMO (III)

Tendo em conta o conteúdo dos dois pequenos textos que neste blogue foram publicados, e que têm como tema o Circuito da Boavista em automóvel no Porto, podem deduzir que eu sou contra o automobilismo. E deduzem muito bem. É que para além do aspecto demolidor, destruidor em termos de poluição, há ainda a considerar outros aspectos negativos não menos importantes conectados com esta modalidade que dizem que é desportiva.

Sou contra o automobilismo que se intromete na vida das pessoas quer estas gostem ou não. Fui por isso contra os circuitos de Vila Real e de Vila do Conde, noutros tempos. Sou por isso também contra o Circuito da Boavista. Sou contra os circuitos urbanos que meta motores. Os automóveis de competição não têm nada que correr nas cidades, em zonas residenciais.

As organizações das corridas de carros em zonas, terão em linha de conta o incómodo que pode provocar, por exemplo, numa pessoa idosa, num doente acamado, aquela barulheira dos motores em aceleração? Claro que não têm. E se tivessem era o mesmo. Os tais betinhos de óculos escuros, aficionados deste tipo de tortura, não pensam nisso. Outros valores se “alevantam”. Há valores que falam mais alto. E o que fala mais alto são os milhares, são os milhões e o pseudo-turismo a eles colado. O respeito é muito bonito, mas este é um idioma que não soletram, quanto mais falam. O respeito pelos outros, não tem conta, não medida, muito menos preço.

Por isso quem quiser fazer barulho que o vá fazer para a sua porta. O turismo, autêntico guarda-chuva, onde tudo cabe, não pode ser feito a qualquer preço. Nem tudo se deve submeter às leis do mercado, como nem tudo deve ser visto numa perspectiva de realizar dinheiro. Como se não houvesse vida para além do “compra e vende”.

(Continua)

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