16 maio, 2008

NOMES QUE A MORTE NÃO APAGOU - Humberto Delgado - 15/05/1906


Humberto Delgado nunca foi um nome que me dissesse muito. Isto desde que eu soube que apoiou o golpe fascista do 28 Maio de1926, que se abateu sobre a primeira república. Sendo por isso um dos fundadores do Estado Novo.
É sabido que esteve em Penafiel quando eu era criança (8 anos) em tempo de campanha eleitoral e que a nossa terra lhe fez uma boa recepção. Lembro-me de meu pai ser seu admirador, embora não falasse dele à boca cheia. Lembro-me ainda muito bem da criançada daquele tempo brincar um pouco com os políticos da altura. Nós dizíamos assim: "O Delgado mija pró lado; o Vicente (Arlindo) mija prá frente, o Tomás mija para trás e o Salazar mija pró ar". Isto não tem interesse nenhum, mas da política da altura, só me lembro destas “patetices”.
Hoje, Humberto Delgado se fosse vivo, seria um social-democrata, não tenho dúvidas quanto a isso, na medida em que o “General sem Medo” era um anticomunista assumido.

Humberto da Silva Delgado nasceu em Torres Novas no dia 15 de Maio de 1906. Militar de carreira, ficou para a história como o General sem Medo, o homem que ousou desafiar Salazar.
Visto como um homem com ligações a Washington e militar de prestígio, tinha o perfil para ser o adversário de Américo Tomás nas eleições de 1958. Avançou e foi aí que, referindo-se a Salazar, proferiu a célebre frase sobre o destino que lhe reservava no caso de ser eleito presidente da república: “obviamente demito-o”. O país mobilizou-se em torno daquela figura. “Perdeu” as eleições de 58. Ocorreram pelo país manifestações contra os resultados eleitorais, mas de nada valeram. O regime fascista de Salazar e Tomás não deixou os seus créditos por mãos alheias.
Humberto Delgado foi assassinado pela Pide em Espanha, em 1965.

Ano em que era presidente da Câmara Municipal de Penafiel, o Coronel Cipriano Fontes (02/03/1962-19/03/1970). Em Janeiro, a Pide prendia vários estudantes, a que se seguiram protestos quanto às prisões e torturas infligidas. Em Maio foi encerrada a Sociedade Portuguesa de Escritores e a sua posterior extinção. Em Julho Américo Tomás foi eleito presidente da república. E em Novembro, o Conselho de Segurança Europeu considerava a situação colonial portuguesa uma ameaça à paz mundial.


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