ASSEMBLEIA MUNICIPAL
Porque não te calas?
Para começar devo dizer que lamento profundamente, aqueles “cala-te” vindos do lado dos deputados da coligação de direita que ocorreram durante a última sessão da Assembleia Municipal de Penafiel (AM) de 20 de Junho. Eu não sei quem foi, ou quem foram os “inteligentes” que se armaram em reis de Espanha. Mas aqueles “cala-te” se calhar vieram de alguém que passa as sessões da AM completamente calado. Esta gente apenas aparece para ler jornais, para votar o que não sabe, e assinar a presença para assim receber o dinheiro a que infelizmente tem direito, que são cerca de 14 contos. Bem bom para quem não faz puto, para quem entra mudo e sai calado. Eu sei de muitos que assim se pautam. Estas faltas de educação que vêm do lado direito da política penafidelensejá não é de agora. Se bem me lembro já aconteceu mais vezes.
É lamentável. Se os senhores pseudo-deputados não estão de acordo com o que se vai dizendo na AM, devem avançar para o palanque e exercer o contraditório a que têm direito. Se não gostam de ouvir as oposições a falar de sua justiça, vão dar uma volta ao bilhar grande, que fazem tanta falta como um gigantone no meio de um funeral.
Penso mesmo que os presidentes de Junta de Freguesia não deviam fazer parte da AM. Não são eleitos. Não vêm acrescentar coisa alguma àquele órgão autárquico. Estão pura e simplesmente a mais e a dar despesa aos portugueses que pagam impostos.
Estes reis de Espanha, atiram as pedras e escondem as mãos. Essa atitude tem um nome. Esse mesmo…
O Shopping de Novelas
Na última sessão da AM, houve combate político, que até foi quente. Teve a ver com a discussão sobre os processos legais que estão ligados ao investimento que se vai criar em Novelas, concretamente o Shopping Center de Penafiel
Claro que é importante saber se tudo está a correr dentro da legalidade que se deseja. Faz todo o sentido saber se na verdade o Shopping mexe ou não no traçado do IC 35.
Mas eu continuo a defender que a essência deste assunto está na necessidade ou não, da vinda de um investimento daqueles para Penafiel.
Já falei disto o suficiente. Não me vou repetir. Eu não sou do contra apenas porque me apetece. O que eu não posso é estar a favor de algo que estou convencido não vir trazer a Penafiel qualquer mais valia. Isto é tudo aparato. É mudança de paisagem. Mais betão, menos zonas verdes. Esta história dos Shoppings já está fora de moda, já foi. Temos é que criar, cativar (parafraseando o Dr. Alberto Santos) “investimento de modernidade”, como foi dito numa assembleia municipal anterior.
Razão tem o deputado José Peixoto, quando põe em causa semelhante investimento. Ele fá-lo, não apenas por estar, de alguma forma ligado ao comércio tradicional, puxando a brasa para a sua sardinha. Ele põe em causa o Shopping de Novelas, porque este vai aniquilar de vez o centro comercial ao ar livre da cidade e desertificar ainda mais a zona histórica de Penafiel. Ele sabe, e não se compreende que outros não saibam, que aquela história dos seis milhões de visitantes no primeiro ano, não passa de publicidade enganosa. Só não vê quem não quer.
José Peixoto
Apraz-me aqui dizer que o Sr. José Peixoto é o único deputado que fala penafidelense naquela assembleia municipal. É quem menos politiza as questões e mais fala sobre Penafiel, a nossa cidade, a nossa freguesia. Até na questão do livro publicado por Alberto Santos, José Peixoto esteve francamente bem. De facto esta zona é muito deprimida. Há muita gente sem trabalho. Há quem esteja a passar um mau bocado e não tem possibilidades de acompanhar os preços dos livros de uma forma geral. Eu não vou dizer que “A Escrava de Córdova” seja um livro caro. Pode não ter um preço excessivo, mas pode ser muito dinheiro, para muito penafidelense que faz, ou fazia, todo o gosto em ler algo que vem de outro penafidelense.
Gostaria já agora que o Sr. José Peixoto, tendo em conta uma intervenção que fez há tempos na Assembleia Municipal, reparasse nas obras que estão fazendo no topo do antigo edifício do Magistério Primário. Aquilo está a subir muito e na minha opinião, vai ficar pior do que estava antes.
A excursão a Fátima
Mas a assembleia também teve os seus momentos de humor.
Não, não esteve lá o Scolari, nem o Marcelo Rebelo de Sousa a falarem das bandeirinhas de Portugal. Mas esteve a deputada Balbina Rocha a perguntar se os deputados da AM também não deviam ser convidados ir na excursão a Fátima, juntamente com os reformados e os senhores presidentes de Junta de Freguesia do concelho de Penafiel, no dia 26 de Julho, dia dos avós.
Balbina Rocha tem toda a razão. Os deputados deviam ir todos. Podiam até levar os maridos, as esposas, os tios, as tias, as primas, os primos, os cunhados dos primos, enfim, podia ir todo o mundo, que os pagadores de impostos encostam a barriga ao balcão. Aliás, como sempre. (Nesta matéria estou à espera que as juntas de freguesia virem a página).
Mais uma vez a terceira e a quarta idades lá vão de cu tremido com destino a Fátima à custa do erário público. Lá vai esta gente toda para o pagode à custa dos otários.
Já agora não se esqueçam de duas coisas: de visitar a casinha onde viveu a pastorinha Lúcia, que é pobrezinha mas é portuguesa concerteza. E como eu não vou, se não se importarem tragam-me um “souvenir” de Fátima. Pode ser uma medalhinha da nossa senhora, ou um terço de marfim. Mas que estejam benzidos, tá?
Precipitações
A determinada altura da sessão de 20 de Junho, o deputado Coelho Ferreira usou da palavra para tecer alguns considerandos sobre o livro “A Escrava de Córdova” de Alberto Santos, presidente da Câmara Municipal de Penafiel.
Foi dizer que dos 91 presidentes de Câmara de Penafiel, desde 1741 até 2008, Alberto Santos é o primeiro romancista. Visivelmente satisfeito, o Dr. Coelho Ferreira, frisou dois nomes, de outros dois presidentes que foram de facto escritores: Coriolano Freitas Beça e Simão Rodrigues Ferreira, só que não tinham escrito romances. Ter-se-ia dito o mesmo, se o livro fosse um ensaio, uma tradução ou uma colectânea de contos ou de poemas. Depois, quanto à reconciliação com a Reconquista Cristã, quando eu ler o livro, falaremos disso. Tenho muitas dúvidas.
Quanto ao número de presidentes de Câmara apresentado pelo autor de “Penafiel Há Cem Anos”, devo dizer que se a intervenção fosse feita por um qualquer cidadão anónimo, o assunto até me passava ao lado. Mas quando estas coisas vêm de alguém que estuda brilhantemente o passado de Penafiel, eu fico um tanto preocupado.
Se se estiver com atenção, veremos que nunca existiram 91 presidentes de Câmara desde que Penafiel foi elevado à categoria de Vila, até aos nossos dias.
Afinal, desde 1741, houve apenas 80 presidentes de Câmara Municipal de Penafiel. Já que muitos presidentes se repetiram em diferentes em mandatos. Agora se mais nenhum presidente escreveu romances, não é coisa que me desanime. O que interessa de facto é que “A Escrava de Córdova” está aí e o que se deseja é que seja um bom livro e um êxito editorial. Faço mesmo votos que este seja o primeiro livro dos muitos que lhe possam suceder. Nós cá estaremos para os ler, sem fazer comparações políticas despropositadas.
Acho de facto uma desnecessidade andar-se a dizer, que o Sr. presidente da Câmara, por causa do livro que escreveu, é o único que…, ou é o primeiro que…
Foi uma precipitação de Coelho Ferreira que afinal nem é assim tão grave. Foi a pressa das congratulações.
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