03 julho, 2008

JORGE NUNO PINTO DA COSTA


Uma vez, já há um bom par de anos, mais de vinte. Década de oitenta. Entrei no Ateneu Comercial do Porto, a fim de ver uma exposição de pintura. O pintor, confesso que não me lembro o nome, era mestre naquela área. Teria falecido há pouco, e chamava-se qualquer coisa Ângelo. Subi a escadaria, entrei no salão de exposições e fui confrontado com um quadro de grandes dimensões. Esse quadro era um retrato de Jorge Nuno Pinto da Costa pintado a óleo numa pose, diria presidencial. Era de facto uma pintura à altura de quem o pintou e da pessoa ali retratada.

Nutro por Pinto da Costa (PC) uma simpatia muito grande. Tenho por PC uma simpatia e admiração que não se limita ao campo desportivo, embora esta estima, tenha começado precisamente a partir do futebol, quando apareceu ao lado de outro grande senhor, apelidado de “Zé do Boné”, o nosso sempre querido José Maria Pedroto. A estes dois nomes está associado a maior emancipação e desprovincianização do FC do Porto, da cidade Invicta e do Norte, em relação ao grande centro de atenções e decisões, que era e parece que ainda é: Lisboa.
Agora que se conhece a despenalização do FC do Porto em relação à sua participação na Liga dos Campeões deste ano, resolvi falar de PC, na sequência de uma recente entrevista na RTP. A determinada altura da conversa, PC disse a Judite de Sousa “os animais são melhores que as pessoas”. Não me contive e pensei alto: “Até nisso és o maior. Até nos momentos mais complicados, nos escreves páginas de grande significado.”

Muita gente não sabe, mas eu sei, já sabia que PC está na primeira linha dos amigos dos animais. Faz parte do ainda pequeno grupo de pessoas que tem pelos nossos amigos, o maior respeito e protecção que eles merecem.

Se PC tem esta postura em relação aos animais, tem outra igual, ou superior. Está ligado ao “Coração da Cidade”, uma instituição de caridade na cidade do Porto, que mata a fome aos pobres, aos sem-abrigo e a quem aparecer por lá para se sentar à mesa e se reconfortar com uma tigela de sopa, a chamada “Sopa dos Pobres”. Conheço muitos políticos com imensas responsabilidades nos destinos deste país, que não tiveram ou não têm a mesma sensibilidade. PC, ao contrário dos políticos, não vê no rosto do comum cidadão, apenas um boletim de voto. PC consegue ver mais longe. Por isso só pode ter outros horizontes.

Ainda não há muito tempo, quando chegou a altura da atribuição do nome para o actual Estádio do Dragão, PC declinou a sugestão do seu nome. Também aqui mostrou a sua linhagem, a sua estatura e a sua grandeza.
Se muitos o atacam, se muitos o criticam, é a inveja a falar mais alto. Mesmo que não saibam que a sua dimensão como cidadão, extravasa em muito o lugar que ocupa. PC está de facto muito para além da sua intervenção como líder do FCP.

Uma palavra final para os recentes acontecimentos em que PC e o FCP estarão a contas com a justiça desportiva. Eu só gostaria de saber o que é que o presidente dos dragões teria feito, que os outros não fizeram. Acho magistral que a acusação incida sobre jogos tão importantes como os disputados com o Beira-Mar e o Estrela da Amadora, num ano em que o Porto foi campeão europeu e campeão nacional, com mais de uma dúzia de pontos de avanço.
Pinto da Costa, sabe de facto para onde vai e, ao contrário do que muitos pensam, ele sabe que não vai par aí.

Assim se vê a força do PC.

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