23 janeiro, 2008

A "VINGANÇA" FOI BESTIAL


Este texto saiu com dois dias de atraso. Espero que não tenha perdido a validade.

Os “milhares” de jornais locais e regionais, deram a notícia, fizeram a reportagem. Os “milhares” de jornais acotovelaram-se para contabilizar as pessoas que foram “dar ao dente”, que foram aplaudir Alberto Santos, no passado dia 12 de Janeiro à noite.
E não é que no fim de semana seguinte, os “milhares” de jornais escreveram diferente nessa matéria? Uns contaram 2500 comensais, outros disseram que foram aproximadamente três mil. Houve mesmo quem alvitrasse, que no Pavilhão das Feiras estariam 3400 pessoas, ficando de fora mais umas trezentas.
Não vamos ficar aqui a discutir números, porque quando tal parecemos o governo e os milhentos sindicatos dos professores a digladiarem-se sobre a percentagem de aderentes à última greve geral da função pública. Assim não saímos de um assunto que não tem importância nenhuma. Tanto se me dá que tenham estado centenas, milhares ou milhões.
O que se me dá é o seguinte e eu pergunto: O que é que na verdade se comemorou na noite de 12 de Janeiro? Se o que se comemorou, foi o sexto ano da tomada de posse de Alberto Santos como presidente da Câmara Municipal de Penafiel, eu pergunto: porque razão a cor do cenário da festa, foi a da coligação de direita PSD/PP, isto é, laranja, quando o executivo é composto também por três vereadores do PS? Porque é que a festa foi só do PSD e PP? A Câmara Municipal de Penafiel só tem uma cor? Quer dizer, nem a presença do Sr. Vitorino Oliveira, presidente da Junta de Freguesia de Guilhufe do PS, foi substantiva.
Agora se o Toy foi convidado para participar na comemoração das vitórias de Alberto Santos à frente daquela dupla partidária, tudo bem. Mas não foi isso que passou para o exterior.
Eu não fui ao jantar. Não comi. Não bebi o vinho com o nome da figura central da festa. Não vi o Toy. Não aplaudi o Toy. Não trauteei com o Toy.

Mas a “vingança” foi bestial. Passados que foram uns dias, fui convidado para tirar uma fotos no Bar do Lago a algo que há algum tempo eu não via. Não estiveram os “milhares” de jornais a acotovelarem-se na contabilização dos presentes a tomar café. Houve café apenas. Não houve nem jantar, nem vinho com o nome de uma figura central. Nem houve o Toy.
Mas houve José Ramalho a tocar e cantar Zeca Afonso. Houve poesia do Ary dos Santos, de Brecht, de Rómulo de Carvalho, Manuel Alegre, Paulo Seco, etc. etc.. Houve Afonso Leal a “enquadrar” as suas composições à volta da pobreza. Houve outra gente que, não conheçendo, me espantou com as suas palavras, com os seus acordes. Houve mais gente com poemas na mão, no gesto e na voz. Não houve Toy. Não houve festa, não houve “pimba”, mas houve cultura, da melhor... em Penafiel.

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