01 fevereiro, 2008

ESTE PAÍS


Um dia destes cheguei um pouco mais tarde a casa. Seriam quase nove da noite. Mecanicamente liguei a televisão. E o que é que estava a dar? Estava a dar na RTP algo que não gostei. Fui espreitar a SIC e a TVI. Estavam a transmitir a mesma coisa. Simultâneamente as três televisões estavam transmitir a cerimónia da tomada de posse, não do novo ministro da cultura, não da nova ministra da saúde, mas simplesmente a apresentação de um novo “jigador” como novo reforço de um determinado clube de futebol . Um tal Makukula estava a ser alvo de todas as atenções por parte de uma pseudo comunicação social.


Vejam lá o tempo de antena de alguém que não sendo português, joga na selecção de Portugal, e vai levar o tal clube a campeão. É que este “jigador” já marcou, creio que 36 golos esta meia época. Perdão, estão-me aqui a dizer que não foram 36. Então seriam 26? Que não. Então quantos foram? Quantos golos marcou o Makukula? Não foram 16, afinal foram somente 6.
Sim senhor, isto é que é marcar golos. Que grande “jigador” de futebol Para onde se haviam de virar os holofotes. Tanta atenção, tanta letra, tanta treta que se gasta num assunto desta importância! Pobre comunicação social. Pobre país.

Para onde caminha este país, que abre alas para estas coisas tão importantes? Para onde vai este Portugal que se masturba com futebolices, pimbalhices, politiquices, parolices e escandalosas roubalhices? Quem se lembra, por exemplo de ver na TV uma peça de teatro, um bailado, uma ópera, um recital de poesia ou um concerto a horas? Ninguém se lembra e ninguém se incomoda com isso. Quem se lembra do Estado, de uma Câmara Municipal, de uma Junta de Freguesia praticarem um serviço público? Ninguém se lembra e ninguém se quer lembrar.

Para onde vai esta gente que se acotovela toda por almoços, jantares, tainas e comesainas abrilhantados por Tonis Carreiras, Toys, Emanueis e Malhoas?

Por falar em comesaina, como é possível ver um painel destinado à publicidade que é propriedade de uma Câmara Municipal, neste caso a de Penafiel, induzindo o consumidor a comer comida de “plástico”? Faz algum sentido que as Câmara municipais, neste caso também a de Penafiel, promovam e divulguem sagazmente o turismo gastronómico quando ele colide completamente com a saúde e qualidade de vida?

Faz algum sentido que tanto se divulgue, tanto se promova comes e bebes, para depois “ai jesus que tenho diabetes, que tenho colesterol, que estou obeso, ai jesus que tenho de ir ao Póvoas?


Ora francamente senhoras câmaras municipais. As Câmaras andam a engordar o povo português com esta história do turismo gastronómico. Deixem de pôr o povo a encher a mula, a comer como burros, a comer como alarves, a arrebentar pelas costuras. Ponham o povo a pensar. Abram-lhe as verdadeiras janelas de oportunidades e verão como este país cresce.

Para onde vai este país assim? Não vai para lado nenhum. Está morto. Morreu de enfarte de estupidez.

Assim de repente lembrei-me do bastonário dos advogados: “vamos ser sérios”.

eXTReMe Tracker