A ENTREVISTA AO "NOVAS"
Ex.mo Sr. Director do jornal “NOVAS do Vale do Sousa”
Um dia destes, ao passar por um quiosque de Penafiel, deparei com um título na primeira página do seu jornal, que fez com que eu o comprasse para posteriormente o ler. As parangonas eram: “A água é um serviço público é não um negócio”. Tratava-se de uma entrevista feita ao Sr. Presidente da Administração da empresa municipal “Penafiel Verde”, Dr. Mário Magalhães, que por acaso também é Administrador de outra empresa municipal, a “Penafiel Activa”. Isto para além de ainda ser vereador de uma data de pelouros na Câmara Municipal de Penafiel. Uff!!!!!!!!!
Fui direitinho à página dois e, primeira decepção: deparei com uma mini entrevista. Depois de ler a dita cuja, senti o travo amargo de uma decepção ainda maior: entrevista pobre, muito pobre. Pouco ou nada foi dito que tivesse interesse. A jornalista Marina Barros e o jornal “Novas” não estiveram à altura dos acontecimentos. Marina Barros não fez os trabalhos de casa. Não preparou a entrevista. Ficou muita coisa por perguntar. Ficou muito mais por responder. Fiquei com a impressão que a entrevista foi feita pelo entrevistado.
Claro que a Penafiel Verde (PV) é um êxito, porque a medida deste sucesso traduz-se nos números da sua facturação e não pela prestação de um serviço de qualidade. Quando se diz que o balanço da empresa nestes dois anos de vida é positivo, está-se a passar por cima das constantes reclamações dos consumidores. E como se sabe não são assim tão poucas.
A frase de Mário Magalhães na primeira página do jornal não passa de um chavão. Claro que a água é um negócio para a PV. Se houvesse dúvidas, elas desfazer-se-iam na resposta à terceira pergunta de Marina Barros (sem querer descontextualizar) que diz: “Queremos ainda, já em 2009, garantir a estabilidade aos consumidores dos tarifários… só possível devido ao nosso modelo de negócio”.
Depois, se a PV praticasse um serviço público nunca haveria razões para levantar questões como estas: Porque razão desde que a PV entrou em funções, isto é, há dois anos, a taxa do lixo subiu cerca de 70 por cento: de 3 para 5 euros? Porque razão o aluguer do contador tem outro nome (taxa de disponibilidade doméstico) e qual a razão do agravamento do seu preço ser na ordem dos 93 por cento: de 1,50 para 2,90? E este serviço (aluguer do contador) é legal ou não?
Porque razão, antes da PV, o pagamento das facturas tinha uma tolerância de pagamento de um mês e agora paga-se multa no dia seguinte ao da data limite da sua liquidação? Nem a PT é tão intolerante, Sr. Administrador e Sr. Director do “Novas”.
Porque razão, por exemplo eu, que tive neste mês um consumo de água de 3,90 euros e no final da respectiva factura tenho esse valor em triplicado? Isto sem contar com as taxas de saneamento, que não constam, porque não o tenho ligado. Mas há quem as tenha em quadriplicado.
Mais, porque razão os consumidores estão a pagar em Julho facturas de Maio? Não são horinhas de estar tudo direito? Como é que eu vou saber a água consumi há dois meses atrás?
É daqui que advém o balanço positivo desta empresa municipal? Claro que o Sr. Director do “Novas” não me sabe responder, mas a jornalista Marina Barros se estivesse ao corrente da situação tinha o dever de as confrontar com o Sr. presidente da Administração da Penafiel Verde.
Mas não sabiam, como não saberiam explorar um outro considerando de Mário Magalhães quando disse na entrevista que: “Temos uma equipa jovem, leve e eficaz… comprovada pela rapidez na resolução das falhas habituais”. Claro que não é verdade. Porque se fosse verdade, um consumidor que eu conheço, não estaria cerca de 4 meses com o contador da água avariado.
Eu não pretendo nem de longe, nem de perto, colar à PV, o selo que foi colado à empresa Águas de Portugal pelo Tribunal de Contas, em que o rega-bofe e o forrobodó deu para tudo e mais qualquer coisa. Nada disso. Eu até acredito que o Dr. Mário Magalhães não vai por aí e até gostaria de ter respondido a estas e outras questões, se elas tivessem sido colocadas.
Mas não foram. Por isso e na minha perspectiva o “Novas”, não honrou o seu lema: “Se quer boa informação, o Novas tem a solução”.
É preciso falar português de maneira que as pessoas entendam. Melhor, é necessário que se fale em língua penafidelense (no caso de Penafiel) para que não fiquem dúvidas do que quer que seja e neste particular acerca da PV, tendo em conta a frase que deu o mote a este texto: “A água é um serviço público e não um negócio”.
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