10 março, 2008

NOMES QUE A MORTE NÃO APAGOU - António Cruz - 09/03/1907


Bastou ter sido aguarelista para merecer da minha parte um olhar mais atento. Duas ou três exposições retrospectivas deste pintor na cidade do Porto e foi suficiente para fazer parte (a par de outro aguarelista, António Joaquim, ainda vivo) das minhas referências pictóricas portuguesas.

António Amadeu Conceição Cruz nasceu no Porto a 9 de Março de 1907, faz hoje 101 anos.
Fez o curso de pintura na Escola de Belas-Artes da cidade invicta.
Em 1939, um grupo de amigos e admiradores organizou-lhe uma exposição de aguarelas que, em virtude do interesse que despertou, foi levada a Lisboa. Em quarenta e três anos não voltou a expor individualmente.
Em 1947, obteve o Prémio José Catarro em desenho e Roque Gameiro em aguarela. Em 1948 obteve o Prémio Teixeira Lopes em escultura.
Aprovado em mérito absoluto em concurso de provas públicas, é-lhe concedido em 1963 o título de professor agregado do 9.º grupo de Desenho na Escola Superior de Belas-Artes do Porto.
António Cruz está representado nos Museus de Arte Contemporânea de Lisboa, Soares dos Reis no Porto, Abade Baçal em Bragança, José Malhoa nas Caldas da Rainha, Grão Vasco em Viseu e em importantes colecções particulares portuguesas e nalgumas estrangeiras.
A propósito de António Cruz, a escritora Agustina Bessa Luís em 1982: “ É um desses pintores que se classificam como coloristas, mas cuja sensibilidade visual o conduz para uma economia geométrica em favor do acontecimento da luz como criação”.
A propósito da aguarela que ilustra este texto, disse o escritor Mário Cláudio: “ Acordou muito cedo o pintor António Cruz, meteu no bornal as tintas e os pincéis, e procurou o trecho da geografia que o desejo lhe segredava naquela terra de Gaia, há mais de um século percorrida por certo anacoreta com fama de santo. O verde dos musgos humedecidos desmaiava na neblina por um registo do azul”.
Com António Cruz, as suas aguarelas e a cidade do Porto, realizou Manuel de Oliveira o filme-documentário “O Pintor e a Cidade”.
António Cruz morreu a 29 de Agosto de 1983.

Ano em que era presidente da Câmara Municipal de Penafiel, Justino do Fundo, tomando posse em 10 de Janeiro. Ano ainda em que o PS ganhou as eleições legislativas (25/04); aprovação da nova lei sobre as eleições autárquicas (29/04); Mário Soares foi indigitado para novo governo (27/05) e inauguração do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkien (20/07).

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