28 julho, 2008

A ESCRAVA DE CÓRDOVA - Capítulo IV

Mais responsabilidades?

E agora, Dr. Alberto Santos?

O autor de “A Escrava de Córdova” arranjou a bonita, com esta história. É que daqui em diante não vou conseguir dissociar, não vou conseguir separar as águas, isto é, não vou poder ver duas personalidades numa só: Alberto Santos escritor e Alberto Santos presidente da Câmara Municipal de Penafiel.

Como é que se vão conciliar estas duas personalidades? Como vão conseguir ser homogéneas? Como vão ser coerentes no exercício de actividades tão nobres e importantes, como a de autarca presidente e como a de escritor?

É que eu tenho para mim, que, a partir da publicação deste LIVRO, (e pelos vistos há mais e ainda bem), este ilustre paçosousense vai ver algo acrescidas, as suas responsabilidades como autarca e como político nesta terra. Poderá ficar com menos margem de manobra para errar, (se for o caso). Os cidadãos poderão passar a exigir, não digo mais, mas melhor, do presidente da Câmara de Penafiel. Vou tentar explicar.

Uma pessoa que escreve um LIVRO destes, só pode ser detentor de uma sensibilidade e de uma cultura muito acima da média do comum cidadão. Mais, não é qualquer político, qualquer autarca que se predispõe a escrever poesia dentro de um pedaço de prosa. Porque Ouroana e Abdus são dois belos poemas dentro de um excelente romance. Ninguém é poeta, ninguém é romancista apenas porque lhe apetece.

Não é qualquer cidadão que faz aquelas belíssimas e pormenorizadas descrições dos ambientes onde se reporta a acção d´A Escrava de Córdova. Ninguém escreve coisas assim com uma perna às costas e um olho fechado. Ninguém acorda de manhã e diz: hoje vou escrever um romance, vou escrever um livro. Não, isto é muito mais profundo. Está no genes da pessoa. Está no gosto que a pessoa cultiva ao longo dos tempos (neste caso ainda curtos) e depois na capacidade que se tem de os desenvolver.

Eu não queria estar na presença de duas personalidades numa só pessoa. Uma, Alberto Santos político e autarca, preocupado com futilidades, como por exemplo: Bracalândias, Shoppings, campos de futebol e frágeis “embaixadores” de Penafiel, e um outro Alberto Santos que é capaz de nos proporcionar momentos tão bons, tão belos, tão superiores como os que nos é dado através deste seu primeiro trabalho literário.
Coloco aqui a seguinte questão:

Será que, se a criação e posterior publicação deste belo LIVRO, fosse uns anitos mais cedo. Será que se as luas e os sóis da cultura, da sensibilidade, da luminosidade tivessem alargado os horizontes de Alberto Santos, mais cedo os tais anitos, ter-se-ia evitado que em Penafiel tivessem nascido alguns corpos sem alma?

Será que o nosso presidente da Câmara, teria outra atenção, outros olhos, outra perspectiva para “coisas” que na minha opinião deveriam ter tido outro princípio, outro meio e outro fim?

Estou-me a lembrar de coisas, algumas já são recorrentes, mas que ainda bailam no imaginário dos penafidelenses: O espaço do antigo cinema deveria estar na posse da câmara municipal. Os passeios da cidade, estariam mais artísticos. A avenida principal da cidade, não pareceria um deserto, com a total ausência de uma mancha verde. A “galeria de arte” nunca seria aquela que fica no espaço da Agrival. O novo museu municipal já estaria a funcionar em pleno. O feriado municipal em 3 de Março já devia ser uma realidade. Uma ou duas colectâneas de poetas penafidelenses, de ontem e de hoje, já poderiam andar a circular de leitor para leitor, de cidadão para cidadão. Nunca seria dado o nome de Daniel Faria ao Prémio de Poesia de Penafiel. Até a esplanada do jardim do Calvário não estaria encerrada tanto tempo. Muito menos esse mesmo jardim, esse mesmo espaço, sem animação cultural/musical no Verão, há vários anos.


(continua dia 30/07/08)

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