SOUSA PINTO
e os vinte anos de cinzentismo do PS
Saúdo a candidatura de António José de Sousa Pinto à presidência da Câmara Municipal de Penafiel no próximo ano. Saúdo a possibilidade (grande possibilidade) do meu ex-professor de Ciências do Ambiente e Geografia (bom professor por sinal) de vir a orientar politicamente os destinos desta terra. Parece que voltou finalmente o bom senso ao PS de Penafiel.
Eu não sou do Partido Socialista, (sou mais SP que PS) como não sou de qualquer partido. Mas de facto, o bom senso andou arredio das hostes socialistas desta terra, durante demasiado tempo.
O que se passou há cerca de três anos foi paradigmático. Foi mau de mais para ser verdade. Radicalismos inoportunos redundaram na maior humilhação que o PS sofreu em toda a sua vida partidária em Penafiel. Relembro aqui o meu pai, o Sr. Fernando Nobêlas, o Sr. Diamantino, o Sr. Dias Ribeiro, que foram algumas das figuras que fundaram o PS em Penafiel. Estes socialistas de alma e coração, morreriam de desgosto se fossem vivos no dia 9 de Outubro de 2005. Não falando já do que aconteceu em Dezembro de 2001.
Que me conhece sabe que não é de agora o meu apoio a Sousa Pinto. Já vem de há muito tempo. Como disse, foi meu professor durante três anos no ensino nocturno, nos anos oitenta e ligam-me a ele, laços de amizade desde essa altura.
Já tivemos as nossas desavenças. Cheguei a não estar de acordo com algumas coisas. Concretamente com a política de animação musical seguida por ele nas Agrivais. São opiniões. Sempre me achei com direito de dizer o que penso. Mas este facto só vem reforçar que nesta matéria sou insuspeito.
Há três anos, não subscrevi a candidatura de Nelson Correia, António França & Companhia. Nunca me revi naquele projecto. Aliás se bem se lembram, projecto que eu critiquei com alguma veemência no Jornal 3 de Março.
Eu teria alguma razão para assim proceder. Era um projecto surrealista. Mais parecia um projecto de uma candidatura a primeiro-ministro do que de um candidato a uma câmara municipal. Bom, deu no que deu. Depois, o mais impressionante foi ver que, aos maiores responsáveis por esta catástrofe eleitoral, parecia que nada tinha acontecido. Tudo na maior. Não tinha sido nada com eles.
Mais tarde veio a renúncia de António França como vereador da Câmara Municipal. Não entendi. Não digeri esta fuga. Os eleitores votaram em determinados candidatos e depois esses candidatos viraram-lhes as costas. Falo de António França que foi o grande ideólogo da candidatura de Nelson Correia.
Já agora gostaria de saber o que é feito deste ex-político tão activo, e que de repente, desapareceu. Zangou-se com todo o mundo, um mundo que ele pensava que girava à sua volta.
Enganou-se António França.
Eu não tenho nada contra o Dr. Nelson Correia. Nas eleições de 2005, fez o que pôde. Uma má lista, um mau projecto, só podiam ter o desfecho que teve.
Os tempos hoje são outros. Já passaram alguns anos, e não estou de acordo com o vereador do ambiente, Dr. Antonino de Sousa quando disse há dias num jornal, que a candidatura de Sousa Pinto é um regresso ao passado.
Não é. Mas se fosse, também não era mau de todo, como mais à frente demonstrarei.
Sousa Pinto não parou no tempo. Ele mostra isso, nos tópicos adiantados num outro jornal, quando faz transparecer algumas preocupações. Preocupações essas muito actuais, já que elas derivam da política levada a efeito por este executivo. E este executivo não é do passado, é bem presente.
Sabemos perfeitamente que muitas coisas que Alberto Santos tem feito, Sousa Pinto as subscreve. Não restam dúvidas. Mas também sabemos que outras coisas (muitas coisas) ele não faria, com certeza. Não é preciso enumerá-las, mas posso adiantar que Sousa Pinto nunca importaria esta catadupa infernal de cultura de outras paragens, sem fechar portas a quem quer que seja. A política de complementaridade, também pode funcionar na cultura: “Compro o que me faz falta, vendo os meus excedentes”.
Não sei o que vai na alma de Sousa Pinto. Ainda é cedo para o saber, mas estou convencido que a sua governação terá aquilo que eu peço, aquilo que os penafidelenses pedem: mais conteúdo que forma, mais alma que corpo, mais essência que matéria, isto é, uma atitude mais terra a terra, mais natural, mais penafidelense, mais do lado da cá das coisas, sem virar as costas ao lado de lá, a quem quer que seja e onde estiver.
Mas quem não vai à bola da candidatura de Sousa Pinto, é o Dr. Antonino de Sousa, que a acha passadista.
Eu tenho pelo Dr. Antonino o maior respeito e admiração. É uma pessoa extremamente simpática, muito acessível e de fácil trato. Mas isso não obsta a que eu lhe diga que, no lugar dele, eu não desdenharia assim tanto do passado, do tempo em que Sousa Pinto foi vereador na câmara municipal. Aliás o Dr. Antonino, há anos, numa (salvo erro) convenção do CDS/PP, no Pavilhão da Agrival, em que esteve em Penafiel o deputado João Almeida, fez questão de frisar isso mesmo. Disse alto e bom som, que “os vinte anos de poder do PS deixaram Penafiel cinzento”. Ora bem, se isto não é uma “pérola”, é uma “pepita de ouro”.
Dr. Antonino, eu não venho aqui para defender o Dr. Sousa Pinto. Nada disso. Ele não precisa. Ele tem as suas próprias armas para se defender em caso de “ataque”. Só que eu também já ando por aqui há alguns anos. Sou natural da Travessa dos Fornos, ali mesmo atrás da Câmara e vagueio por esta cidade há uma data de Invernos. Por isso, já vi muita coisa. Sou do tempo da charanga militar que se exibia às quintas- feiras à noite em frente da câmara municipal, veja lá, há séculos.
Estou aqui e agora para lembrar alguns sinais “cinzentos” do passado, em que o Dr. Sousa Pinto se movimentou pelos corredores do poder local penafidelense.
Tendo em conta que o Dr. Antonino não é daltónico, eu quero perguntar-lhe o seguinte: Por acaso o Palácio da Justiça é cinzento? A Biblioteca Municipal e o Arquivo são cinzentos? Será que o Hospital Padre Américo é cinzento? E a variante de Cavalum? E a estação ferroviária de Novelas? E a Rua Eng. Matos? E os edifícios das Juntas de Freguesia de Penafiel e de Paço de Pousa são cinzentos? E os centros de Saúde de Penafiel, Paço de Sousa e Recesinhos; são cinzentos? E as Zonas Industriais 1 e 2, são cinzentas? E o Ecocentro?
O Dr. Antonino acha que o Pavilhão da Agrival é cinzento? A própria Feira da Agrival, apesar de ser realizada na escola secundária, era cinzenta? As piscinas municipais e o pavilhão Fernanda Ribeiro são cinzentos? E depois das obras de requalificação do Sameiro, do Paiol e do Campo da Feira, estes locais ficaram cinzentos? E o Bar do Lago? E as rotundas de Louredo, do Faria, de Senradelas, do Paiol e de Milhundos? E a avenida Pedro Guedes, é cinzenta? E o futuro Museu Municipal, que é obra de Agostinho Gonçalves, é cinzento? E a resolução do problema da água em Penafiel, do tempo de Justino do Fundo, também foi cinzenta?
Dr. Antonino de Sousa, eu não vou falar de Jardins de Infância, nem de escolas, como a João de Deus e Joaquim de Araújo, nem de estradas como a que liga Penafiel a Bustelo e a que liga Peroselo a Duas igrejas. Seria fastidioso.
São tudo obras naturais. E não são demais. Os políticos são eleitos para trabalhar.
Aqui gostaria de parafrasear o Dr. Fernando Malheiro: “Um político quando inaugura uma obra estruturante, em lugar de deitar foguetes e fazer festa, devia pedir desculpa às populações pelo seu atraso”.
Os políticos que durante os cinzentos vinte anos estiveram no poder em Penafiel, ao fazer estas obras, não fizeram mais que a sua obrigação, fossem eles, Justino do Fundo, Agostinho Gonçalves, Rui Silva ou Sousa Pinto.
Dr. Antonino de Sousa, conheço de facto algumas coisas cinzentas em Penafiel. Basta olhar para os passeios da Praça Municipal e Avenida Sacadura Cabral de um lado e do outro. Uma obra que eu denominei (em poesia) como a Pandemia do Granito.
Dr. Antonino de Sousa, colar um rótulo passadista e cinzento destes ao candidato Sousa Pinto, é ouro sobre azul.
Venha de lá um cinzentão e passadista chamado Sousa Pinto. Penafiel agradece.