17 setembro, 2007

FALAR DE POMBAS

O BRASÃO DA CIDADE
E AS POMBAS DE PENAFIEL

Um dia destes à noite, por volta das nove horas, um pequeno grupo de penafidelenses, armou semelhante chinfrineira à porta do Café da Sociedade, que nem a fanfarra dos bombeiros em dia de ensaio.

Que o (Soco)lari não devia ser castigado, porque nem sequer tocou no cabelo do jogador sérvio. Porque o rosto da Caixa Geral de Depósitos foi o treinador que mais feitos conseguiu para o nosso país, que foi único que conseguiu unir os portugueses em redor de uma causa justa e nobre. Que até mudou o rumo da História de Portugal, tendo sido inclusive, um dos maiores vendedores de relógios que o país algum dia conheceu.

Patati, patatá e a discussão não mudava de tom, não fossem alguns transeuntes na Praça Municipal, estarem de nariz no ar, boca aberta e olhos arregalados em direcção à parte superior do edifício da Câmara Municipal de Penafiel.
O que é que se passa ali, que estão todos a olhar para a Câmara? perguntou o Germano, um dos chinfrineiros e adepto religioso do tal treinador/pugilista brasileiro. Vamos lá ver de que se trata. E, perna à frente da outra, lá foram todos ver o que é que se passava.
É uma rede para proteger o brasão do município, da sujidade das pombas, disse o Berto, mais ou menos bem informado. Isto é uma praga do c..., é preciso acabar com esta m..., rugiu o Lopes. Olha para este passeio todo borrado, todo sujo, fuzilou o Pipas, dando razão à Câmara, por esta ter colocado aquele sistema protector. Pois é, dão-lhe de comer, depois nunca mais saem daqui, alvitrou o meia-leca do Carlos.
Uma vez, uma cagadela de pomba acertou-me em cheio nos sapatos. O que me valeu, é que eles eram de verniz e saiu tudo, disse rindo-se o Queirós. A mim foi pior, tossiu o Sousa, envolto numa nuvem de fumo do seu próprio cigarro: Há anos, estava eu todo bem encanado, para ir tirar duas, com a minha plébia, quando uma pomba em voo rasante, fez de mim uma retrete e deu cabo da minha camisa Triple Marfel, novinha em folha e que me custou passou de 500 paus.

Bom, pareciam estar todos de acordo quanto à necessidade de exterminar as pombas que esvoaçam pela zona da Misericórdia. Que elas dão cabo de tudo. A que a acidez dos seus detritos, desgasta onde quer que caia e depois pior que isso, são um perigo para a saúde pública, ponto final, parágrafo.

Entretanto, o Zé que também fazia parte do grupo do solheiro, e que até então nada tinha dito, parecia não afinar pelo mesmo diapasão. Então desalinhou: Para mim, brancas, azuis, ou pardas, as pombas são o símbolo da paz. Se estão com tanta vontade de as exterminar, façam-lhe guerra. E, como para grandes males, grandes remédios, acho que deviam ir ter com o Bush, a ver se vos cede algumas armas de destruição maciça, que foi buscar ao Iraque. Era a matança química. Era uma limpeza ética. Ou então vão aos Estados Unidos contratar meia dúzia de “Snypers”. Seria menos limpo, mas com o tiroteio era uma festa. Colocados os atiradores especiais, em pontos estratégicos da zona, como a torre da Igreja da Misericórdia, o quinto andar da PT, o telhado do quiosque, a janela do João da Lixa, o pináculo da chafariz, a varanda da Câmara e lá vai disto: pimba, lá foi pomba, pumba lá foi pombo, e assim acaba-se de vez com a raça, que anda aqui a conspurcar, a fazer estragos irreparáveis na zona histórica da cidade e na cabeça de algumas pessoas.

E o desalinhado Zé, visivelmente agastado com o rumo que a conversa tinha levado, mas com a corda toda, continuou: esta malta anda muito preocupada com a destruição que as pombas podem provocar. Tenham mas é juízo. Por acaso, vocês sabem quem é o maior destruidor da terra? Sabem por ventura quem é que causa efeitos mais devastadores na natureza? Não sabem. Porque se soubessem, não estavam com essa cara de intelectual obrigado a ver um concerto do Tony Carreira.
Fiquem vocês a saber, seus pedaços de ozono, seus efeitos de estufa, seus monóxidos de carbono, seus raios ultra-violeta, que é o homem, o maior predador, o maior destruidor do planeta.
Por acaso os Srs. licenciados em letra, sabem quem foi que destruiu em Penafiel o Cine-Teatro S. Martinho? Não foi o homem, foram as pombas naturalmente. E quem destruiu a antiga Praça do Mercado? Não foi o homem, foram as pombas certamente. Quem desgastou a calçada à portuguesa dos passeios da cidade, que agora só se vê granito? Não foi o homem, foram as pombas evidentemente. Quem deitou abaixo o prédio dos Machadinhos? As pombas claramente. A capela da Quinta da Lagarteira em Guilhufe, vai mudar de local, vai ser deslocalizada para outro lugar para fugir da praga das pombas. Sempre as pombas. Essas desavergonhadas, que até fazem sexo sem recato e sem preservativo, mesmo em frente da Igreja da Misericórdia.

Dito isto, o Zé, o desalinhado, foi-se embora. O grupo do solheiro, voltou ao local do crime e à chinfrineira em volta de (Soco) lari, o tal treinador, que não perdeu o primeiro, mas conquistou com brilhantina, o segundo lugar no Euro/2004 em Lisboa.

12 setembro, 2007

TOPONÍMIA PENAFIDELENSE

AS RUAS DOS IRMÃOS BRANDÃO

No passado sábado, dia 8 de Setembro, foram descerradas duas placas toponímicas com o nome de dois ilustres penafidelenses: Dr. Francisco Brandão e seu irmão Dr. José da Paz. Quanto ao facto de lhes ser atribuídas duas ruas em Penafiel, nada contra, tudo a favor. Quanto aos locais, acho que está correcto o local destinado ao Dr. Brandão, já o mesmo não se pode dizer quanto ao que foi destinado ao Dr. José da Paz, ali perto do Intermarché.
A rua Dr. José da Paz, devia ter outra visibilidade. Podia até ter ficado perto da do seu irmão. Para isso bastava uma pequena alteração numa das duas ruas (Palmeiras e Cedro) perto do tanque de Melres.

A placa toponímica do Dr. José da Paz, ficou junto a uma floresta de outras tabuletas de publicidade o que faz com que a deste penafidelense seja apenas mais uma.
Depois não houve o cuidado de se fazer uma limpeza, um arranjo naquele passeio que está uma desgraça.
O Dr. José da Paz não merecia este tratamento. Merecia outro cuidado, outro local, logo outra dignidade.
Também não havia necessidade de colocar nas placas o nome completo destes dois penafideelnses, concretamente a do Dr. Brandão, que parece que rebenta pelas costuras. Está ali uma fraca composição.
Já agora porque razão, a placa do Dr. José da Paz não teve direito ao Dr.? Logo a sua que até tinha mais espaço, até “respirava” melhor.

Termino com mais uma nota negativa. Como toda a gente viu, as placas com os nomes dos dois médicos penafidelenses estão mal escritas. Quem as fez, não sabe português. O til na palavra Brandão, não pode estar em cima das duas vogais AO. Como se sabe, o til é um sinal gráfico que serve para nasalar a vogal a que se sobrepõe. Penso que as placas devem ser corrigidas o quanto antes.

A jornada toponímica de sábado passado, dia 8 de Setembro, não correu bem. Foi um dia para esquecer.

FALAR PENAFIDELENSE

QUEM FOI ALFREDO PEREIRA?
E JUSTINO DO FUNDO?

Confesso que sou apaixonado pela toponímia de Penafiel. Estudar quem e onde, é um dos meus passatempos preferidos. Volta e meia, ou me deslumbro, ou me desiludo, sobre a nomeação, atribuição e localização deste ou daquele nome, nesta ou naquela rua. Já antes do Jornal 3 de Março andar por aí, eu tinha uma coluna em outros jornais intitulada “Nome de Rua”, em que dava a conhecer a quem pertenciam os nomes das ruas de Penafiel.
A seu tempo tornarei público um trabalho, uma pesquisa, que estou a levar a cabo sobre esta matéria.
Para já o que me traz aqui, é procurar sensibilizar a Câmara Municipal, a Comissão de Toponímia e a Junta de Freguesia de Penafiel para o seguinte:

Se se perguntar aos penafidelenses, quem foi Alfredo Pereira, que tem o seu nome numa rua a partir do Largo da Ajuda até ao Café Brasão, estou certo que 99% dos inquiridos, não sabe minimamente de quem se trata. E se se perguntar quem foi Justino do Fundo, estou plenamente convencido que nem um por cento, é que terá dificuldade em falar do cidadão que nasceu e viveu até 13 de Julho último, precisamente... na rua Alfredo Pereira.

Como já publiquei no Jornal 3 de Março, na rubrica Nome de Rua, Alfredo Pereira nasceu em Macau em 1853. Estudou em Lisboa, onde terminou o curso de Agronomia e Silvicultura. Ingressou nos CTT em 1875. Em 1881, foi nomeado professor do curso prático de correios e telégrafos, passando a inspector geral dos Correios. Posteriormente foi nomeado Administrador geral. Foi deputado representando o círculo de Penafiel. Foi secretário interino do Ministério das obras Públicas.
Escreveu em jornais, onde versou temas sobre correios, finanças e agricultura. Tem várias condecorações.
Portanto, Alfredo Pereira que faleceu em Lisboa com 72 anos, não tem nada que o vincule a Penafiel, logo não tem envergadura cívica, não tem currículo para dar o seu nome a uma rua tão importante da zona histórica da cidade.

De Justino do Fundo, já muito se disse. Penso que todos os penafidelenses sabem quem foi o cidadão que esteve à frente da Câmara Municipal de Penafiel, desde Janeiro de 1983, até Dezembro de 1993.
Não seria necessário voltar a falar no currículo de Justino do Fundo. Mas para o caso de haver alguns distraídos, relembrarei que Justino do Fundo, como presidente da Câmara Municipal de Penafiel, foi autor de entre outras obras: da “obra do século”, que se traduziu na resolução do crónico problema da falta de água em Penafiel. É dele, a construção da Biblioteca Municipal, do Palácio da Justiça, das Piscinas Municipais nos terrenos das Lages, e o pavilhão Fernanda Ribeiro (para já, ainda é o único em Penafiel). Conseguiu para Penafiel o Hospital Padre Américo do Vale do Sousa, substituiu o cimento pela calçada à portuguesa nos passeios da cidade, “devolveu” à cidade o chafariz do Lago da Ajuda e mudou completamente o rosto à Avenida Pedro Guedes.
Isto para falar só na freguesia de Penafiel, porque o nosso concelho tem, um pouco por todo o lado, marcas indeléveis deste autarca penafidelense. Isto para não falar em pormenor da sua vertente desportiva que cultivou durante muitos anos, concretamente quando esteve à frente do FC de Penafiel onde tantos êxitos coleccionou. Paradigmática e inesquecível a subida à segunda divisão na época de 64/65 de Silva Pereira, Amândio e Companhia.

São estes alguns dos pilares onde assenta toda a estatura social e política do penafidelense Justino do Fundo.

A Comissão Toponímica, que direccione um olhar mais atento sobre esta matéria. A Câmara Municipal, a Junta de Freguesia de Penafiel, não deviam ignorar estas notas, para que se faça justiça a um penafidelense de corpo inteiro.

Se por acaso existir alguma relutância, alguma resistência a esta eventual mudança de nome de rua, posso dizer que conheço poucas ruas em Penafiel, que não tivessem mudado de nome. Por exemplo, a rua mais próxima do local onde eu nasci (Travessa dos Fornos), já vai no terceiro nome desde que me conheço. Primeiro foi Avenida Nova, depois foi Luís de Camões e agora é Faião Soares.

Portanto, não estou a ver onde possa estar alguma dificuldade em alterar o nome de rua Alfredo Pereira para rua Justino do Fundo.

A Comissão Toponímica de Penafiel, com certeza não ignora que uma toponímia virada para os seus penafidelenses mais ilustres, é uma forma de, através dela, se conhecer mais e melhor a História de Penafiel.

06 setembro, 2007

FALAR PENAFIDELENSE

PENAFIEL NA PRAÇA DA ALEGRIA

Mais uma vez as nossas gentes estiveram na “Praça da Alegria”, programa televisivo da RTP que vai para o ar todas as manhãs. E mais uma vez Penafiel podia ter estado melhor representado se houvesse uma maior atenção nas prendas, nas recordações que uma avó e seus familiares, da freguesia de Cabeça Santa levaram ao programa.

De entre as prendas, constava mais uma vez um livro da grande pintora “penafidelense” Balbina Mendes. Eu não sei onde há tantos livros desta senhora transmontana, que fez uma exposição há tempos na Assembleia Penafidelense sobre temas relacionados com o Rio Douro. Eu não consigo entender como é que as Juntas de Freguesia de Penafiel (isto já aconteceu várias vezes) nunca se esquecem de fazer a divulgação desta artista que tem tanto de penafidelense, como eu de algarvio.

Uma coisa é certa, Balbina Mendes fez bem o trabalho de casa, ao deixar livros e livros para que Penafiel lhe faça a devida e merecida divulgação. E Penafiel assim faz. Só lá faltou o livro de outro artista “penafidelense”, o Manuel Patinha, como já aconteceu no mesmo local e á mesma hora de um dia destes.

Uma nota final, para dois lamentos: Um é a instalação de um Shopping ali perto do Hospital Padre Américo, com uma consequente mudança de uma capela. Outro é o nome que ele vai ter: Anégia. Como se este nome fosse um nome qualquer para ser ultilizado numa superfície mais votada para o “caça ao níquel”. Mais uma vez Penafiel no seu melhor.

03 setembro, 2007

FALAR PENAFIDELENSE

A ENTREVISTA DO SR. PRESIDENTE
DA JUNTA DE FREGUESIA DE PENAFIEL

Finalmente chegou-me às mãos o novo “Jornal de Penafiel”, a quem desejo um futuro risonho, largo e profundo.
Na sua primeira edição, vem uma entrevista com o Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Penafiel, e é dela que eu quero falar um pouco.

Nessa entrevista, noto um presidente muito preocupado com duas matérias de peso: o saneamento e a educação. Comungo dessas preocupações. Carlos Leão terá todas as razões para reivindicar uma maior atenção pela parte da Câmara Municipal nesses sentidos.

Depois, o Sr. Presidente da Junta faz-nos saber que o Sr. Presidente da Câmara costuma dizer que quer um concelho a funcionar como uma orquestra e que “neste momento a Junta de Freguesia de Penafiel é a harpa, um instrumento grande, que está quase sempre lá ao fundo e que toca um acorde de quando em vez”.

Mais adiante, Carlos Leão diz que: “temos as piores escolas do concelho. O norte da cidade não tem saneamento. A própria zona do Cavalum tem saneamento mas está ligado a fossas sépticas. Há muito esgoto a céu aberto. Não podemos continuar com uma taxa de cobertura tão reduzida. A Vila Gualdina é uma malha urbana que não vê uma obra há vinte anos. Os passeios estão degradados, as ruas estão esburacadas, quando chove, as garagens ficam alagadas. O Bairro da Fonte da Cruz está a precisar de obras mais profundas. As pessoas começam a ficar saturadas de não verem qualquer evolução”.

Não sei se esta "fotografia" tão negra da nossa freguesia, tirada pelo Sr. Presidente, não será uma forma hábil de esvaziar qualquer reacção da oposição do PS de Penafiel. Mas se não for, eu pergunto: se a freguesia está neste estado, o que anda a fazer este executivo da Junta de Freguesia de Penafiel? Como é que ganhou as últimas eleições? Sim porque estes problemas não de agora, já têm algum tempo.

Por isso, eu acho que o Sr. Carlos Leão está muito bem (bem de mais) a tocar harpa numa orquestra que o Sr. Presidente da Câmara quer ver afinadinha. Na certeza porém, que neste andar, nunca chegará a ser solista num concerto por estas andanças.

eXTReMe Tracker