29 agosto, 2006

Vitorino cantou Zeca Afonso

Não se pode dizer que tenha estado muita gente na Agrival a ver e a ouvir o Vitorino. Estava um bom punhado de pessoas que já sabia para o que ia. Claro que o Vitorino merecia mais e melhor, mas parece que os agrivalistas naquela altura estavam virados para outro lado. Estavam virados para um desfile de “produto” que decorria lá mais em cima com casa cheia, cheiíssima. Um fartote de gente a ver uns “artigos” e a virar as costas à música portuguesa de qualidade.

Quem é que conhece o Vitorino? E depois era uma chatice ir ver em Penafiel, um gajo do Redondo, com o maior dos desplantes e fazer uma homenagem ao autor de Grândola. Isto mais parece um comício cantante, pensaram alguns. Isto é música para esquerdistas e intelectuais, pensaram outros, e zás toca a ir mas é ver umas pernocas e umas mamocas, que isso é que é cultura da boa.

Penafiel mostrou mais uma vez como anda o nível cultural das suas gentes. Já no ano passado, com a exibição da Ronda dos Quatro Caminhos, o recinto da Agrival estava quase às moscas. Está provado que os penafidelenses não gostam de música deste género. Daqui lanço um alerta ao principal responsável do certame, Sr. Adolfo Amílcar: “ não se dê ao trabalho de trazer à Agrival este tipo de música. Não vale a pena. As pessoas querem é forrobodó”. Sr. Adolfo Amílcar se perguntasse aos penafidelenses o que é que queriam ver na Agrival, a resposta só podia ser esta: “Queremos a Floribella”.

Mas mesmo com pouca gente, o espectáculo do Vitorino foi altamente positivo. Não é todos os dias que os penafidelenses vêem concertos musicais desta qualidade. Não todos os dias que nós dançamos e cantamos canções com “Tinta verde dos teus olhos”, “ A Queda do Império” ou “Venham mais Cinco” do José Afonso.

No final do espectáculo, alguns penafidelenses foram à procura do Vitorino para o cumprimentar, para lhe falar e de repente aconteceu tertúlia com o autor da “Menina que estás à Janela”. Houve poesia de Mário Cesariny. Houve autógrafos nas capas de discos de vinil.
“Eh pá você tem este disco?”, perguntava o Vitorino muito admirado, enquanto rabiscava a sua assinatura. Tenho todos, respondeu o meu amigo Oliveira.

Foi de facto um bom momento de música, de cultura. De cultura da boa. Paciência, se os penafidelenses se tenham entretido com coisas mais apetitosas.

Porra, cada um come aquilo do que mais gosta, não é assim? Ora bem...

24 agosto, 2006

Cidadãos e animais

O que é que estará na cabeça de um cidadão que vai tranquilamente à caça, mata uma série de animais, isto é: coelhos, perdizes, patos bravos, rolas e por aí fora e que depois chega a casa e vai fazer festinhas ao seu gatinho que está todo enrolado no seu chinelo de quarto, à sua cadelinha que está toda embrulhada na sua almofada e até ao seu pinguim que faz as delícias da cachopada lá da casa com o seu andar tão característico?

O que é que estará na cabeça de um cidadão que anda tranquilamente a passear o seu Lulu pela cidade, controlado por uma trela para que não venha um volante descontrolado e lhe carimbe um desgosto familiar, e que depois corre muito para casa para não perder, via TV, pitada da última corrida de toiros no Campo Pequeno?

O que é que estará na cabeça de um cidadão que é presidente de uma associação de defesa do ambiente, em que inclui a preservação da fauna e da flora dos rios, mas que depois vai-se a ver ele, é um inveterado pescador, promovendo até concursos e convívios de pesca desportiva?

O que é que estará na cabeça de um cidadão, que vai calmamente ao circo ver os animais a pintar a manta, a fazer trinta por uma linha, com saltos acrobáticos, danças, piruetas, pantominas só para ele se rir, só para ele passar alegremente um bocado da noite, e no dia seguinte acusa a Câmara Municipal de falta de sensibilidade, quando esta faz a poda de algumas árvores demasiado cedo, destruindo assim o ninho a milhares de pássaros?

O que é que estará na cabeça destes cidadãos?
Responda quem souber.
Eu sei a resposta evidentemente.
Não respondo
Não quero ser inconveniente.

23 agosto, 2006

Scolari o homem que mudou o rumo da história de Portugal

Qual D. Afonso Henriques, qual Infante Navegador, qual Vasco da Gama, qual Pedro Álvares Cabral, qual D. Manuel I, qual Mário Soares, Cavaco ou Guterres, qual carapuça.

O homem que mudou o rumo da história de Portugal, foi D. Felipe Scolari, o homem que todos os maluquinhos da bola aplaudem. O homem que consegue fazer com que as derrotas sejam vitórias. O homem que ficando em segundo lugar no Euro 2004, entende ter passado o Cabo Bojador e descoberto as especiarias na Índia. O homem que ficando em quarto lugar no Mundial de 2006, consegue ser visto como um D. João IV, que devolveu o poder a Portugal em 1640.

Eu não sei se ele mudou ou não o rumo da história de Portugal, mas pelo menos é isso que é dito na televisão, num spot publicitário a relógios.

Este reclame que é um atentado à inteligência e ao bom senso das pessoas, tem uma grande virtude, faz-me rir muito mais que o gato fedorento. Mesmo... mesmo... mesmo... mesmo? Claro.

20 agosto, 2006

O grande jornalismo desportivo

Eu não costumo falar muito de assuntos desportivos e muito menos os que estão relacionados com futebol. Mas há coisas que não me passam despercebidos até pelo ridículo da situação. Se o ridículo matasse, há jornais que nunca mais apareciam nos escaparates dos quiosques, tal a pobreza franciscana com que se pintam.

Há dias o Benfica disputou um jogo com o Estrela da Amadora, que até deu na televisão, tão grande foi a sua importância. No dia seguinte, os jornais desportivos, “Record” e “A Bola” encheram com letras garrafais e grandes fotos as suas primeiras páginas com o tal jogo. Se assim entenderam as direcções desses jornais é porque o jogo foi de facto o “jogo do ano” ou “jogo do século”. Se calhar foi. Quem sou eu para dizer o contrário?

Hoje é dia 20 de Agosto de 2006, dia seguinte à disputa da Supertaça Cândido de Oliveira, em que se defrontaram as equipas que ganharam o Campeonato e a Taça de Portugal da época anterior. Como se sabe, o FC do Porto ganhou ao V. de Setúbal, passando assim para 15 o número de supertaças ganhas pelo clube da província, contra as apenas 5 do clube da capital.

O que acontece é que as primeiras páginas dos referidos jornais ignoraram pura e simplesmente a disputa desta taça. Se calhar este jogo não foi tão importante como aquele em que o SLB disputou com o Estrela.

Assim vai o jornalismo... o grande jornalismo!

Os Aliados levaram no Cubo

Eu disse cubo, não aquilo que poderão pensar que eu quis dizer. É verdade. A avenida dos Aliados no Porto foi elevada ao cubo, que é outra forma de dizer o que se passou naquela antiga e bonita zona da cidade Invicta.
Aquilo está lindo de se ver. Aquilo é que é arte. Os poetas e os pintores agradecem todo o bucolismo da actual avenida.

Aquilo não é o deserto do Saara, porque neste é só areia e naquele é só granito. O puto do granito está na moda, hoje em dia. Vejam Penafiel a ir pelo mesmo caminho. Deve ser a nova linguagem dos novos políticos. Às tantas a troca da calçada à portuguesa por estes calhaus, deve ter a ver com qualquer jogo de interesses.

Eu estive no Porto há dias, e quando fui confrontado com aquele quadro Siza, eu só disse: “Isto foi um dos maiores crimes praticados pelo pseudo-modernismo, neste pedaço de Porto, neste pedaço da capital do meu distrito”. Crime perpetrado por políticos de meia tigela, coadjuvados por um arquitecto que tem a mania que um risco dele vale mais que as inteligências do mundo.

Com a retirada da calçada à portuguesa, foram levantados pedaços de memória daquela cidade. Foram arrancadas páginas de história do livro de oiro de uma cidade que era o emblema do norte de Portugal.

O único lado positivo (ou negativo) da coisa, é que o nome Aliados da avenida do Porto, tem agora muito mais que ver com o nome dos exércitos Aliados, que andam de há uns tempos a esta parte, por este mundo a invadir e a destruir países e populações, tornando tudo cinza à sua volta.

Fica aqui registada a vergonha que sinto por aquela obra de arte.

17 agosto, 2006

Caça à multa

Este (não) singular episódio aconteceu há poucos dias. Eu vi. Eu vi a nossa querida GNR, a nossa omnipresente, a nossa maior e melhor força de segurança a cumprir a lei.

A história é esta: Um amigo meu saiu de minha casa e entrou no seu carro. Andou dez metros e foi obrigado a parar por duas razões: a primeira era o facto de estar ali um sinal de STOP. A segunda razão foi a presença de uma brigada da GNR que o mandou parar.

Parou e logo a GNR o multou. A razão da multa foi que o meu amigo não tinha colocado o cinto de segurança quando entrou no seu veículo para fazer o trajecto de aproximadamente dez metros. Foram dez metros de zelo pela segurança do meu amigo.

Acho um piadão ver a GNR preocupada com a nossa saúde. É que ela não quer que a gente bata com a cabeça no pára-brisa. Ela não quer que a gente se magoe. Preocupadíssima com nós. Preocupadíssima com vós. Preocupadíssima com todos. Ela zela pela saúde e segurança de todos os portugueses.

Isto é tudo uma fantochada. Um dia destes ainda vai ser proibido conduzir sem óculos de protecção, ou sem capacete, ou sem gravata, ou despenteado, ou sem baton, ou sem meias, ou sem preservativos. Um dia destes não vão faltar pretextos para que a nossa querida GNR possa multar o cidadão, mesmo que este só tenha conduzido num trajecto de dez metros.

Num país em que a insegurança avança, a GNR recua, não anda na rua, a não ser para a caça à multa. A GNR nunca está no local certo e há hora certa para bem do património e das pessoas deste país multado por tudo e por nada.

Uma pergunta a finalizar: onde estava a GNR quando se deu o assalto à Câmara Municipal de Penafiel?

16 agosto, 2006

O Achigã chigou-lhe

Eu não disse? Há dias eu não disse que o pescador lingrinhas haveria de se a ver com um peixe maior? E assim aconteceu.

Fui outra vez até Entre-os Rios ver os pescadores pescar. Pescadores e pescadoras, porque agora gajas não faltam de cana de pesca na mão. Fui para o mesmo sítio da outra vez, na perspectiva de ver de novo o pescador lingrinhas. E vi. Lá estava o enfesado a lançar o isco nas águas à procura de um peixe mais distraído, de um peixe mais esfomeado.

Esperei p´ra caraças. Talvez umas duas horas. Eu todo satisfeito de ver o lingrinhas a passar uma tarde na seca. Eu todo contente por verificar que os peixes afinal também foram de férias.

Já passava das seis da tarde, quando a cana começou a tremer. A tremer muito. O pescador com cara de fome, dono de umas pernas que pareciam uns paus de virar tripas, como se costuma dizer, teve que ser ligeiro porque o animal de barbatanas estava capaz de lhe levar a cana de pesca para outras paragens. Teve que pedir ajudar à mulher: Ó mulher agarra aqui também que este gajo deve ser um cachalote”.

Era ver os dois a puxar para terra, o que o peixe ou lá o que era, a puxava para o rio. “Ó mulher tens aí o telemóvel? Liga para o teu pai e manda vir a junta de bois dele para vir tirar este puto deste peixe da água, que já me está a dar cabo da moleirinha”.

Eu, escondido atrás dos meus óculos escuros, tipo Alberto Santos, disfarçava olhando para o lado contrário, para o lado da ponte Duarte Pacheco, assobiando baixinho de contente, ao ver a dificuldade do lingrinhas em sacar do rio mais um bacoco de um peixe, que ainda não tinha percebido que anda por aí muita gente que faz da pesca um passatempo. Que anda por aí muita gente que se diverte com o mal dos outros, tal e qual os americanos quando estão em guerra, que gostam de se divertir, matando, ainda por cima à distância, e com sinais claros de pedofilia, uma vez que só se metem com seres muito mais pequenos que eles.

Não foi preciso entretanto, vir a junta de bois. O lingrinhas e a mulher lá conseguiram puxar a cana com o malfadado peixe na ponta da linha.
Era um peixe e pêras. Aquilo devia ser um achigã, com certeza. Devia medir quase meio metro. Um verdadeiro espectáculo.

Mas o melhor estava para vir.
Ao ser “desvinculado” do anzol, o centrarquídeo, sentindo que o seu tempo estava no fim, deu meia dúzia de piparotes, e, beneficiando da inclinação da “praia” fugiu para a água, não sem antes ter atirado uma barbatana de areia aos olhos do pescador, tal foi a tempestade que se levantou.

A este espectáculo para terminar em beleza, só faltou ao peixe de boca grande, já em águas seguras, vir à superfície, e, no meio de duas gargalhadas, virar-se para o pescador lingrinhas e dizer qualquer coisa como isto: “Vai-te embora ó pescador. Vai-te embora ó americano da treta. Só te metes com os pequenos, seu pedófilo. Mete-te com o Hezbollah seu trinca-espinhas de merda”.

Eu não disse que um dia destes o pescador lingrinhas, levava nas trombas quando lhe saísse um peixe de pêlo na venta? Ora aí está. Saiu-lhe um achigã. E o Achigã chigou-lhe...

13 agosto, 2006

Escrita Light... com café (3)

CULTURA

OS FILMES DA MINHA VIDA...

- Tarzan o Homem Pacato
- O Comboio Apitou Três Meses
- A Queca do Império Romano
- Música no Furacão
- A Ponte do Rio que Vai
- África Vinha
- Voando Sobre um Ninho de Cocos
- O Último Bando em Paris
- Danças com Bobos
- O Padeiro Toca Sempre Duas Vezes
- O Silêncio dos Indecentes
- A Vida é Dela


OS MEUS ARTISTAS DE CINEMA

- Mete Davis
- Marlon Grande
- Que Lindo Eastwood
- Fel Gibson
- Robert de Tiro
- Catherine de Novo
- Subia Loren

Escrita Light... com café (2)

REUNIÃO DE CÂMARA Municipal de Penafiel

Presente todo o executivo:
Aperto Santos, Sai-me Neto, Antonino Pousa, O trigo Lopes, Vários Magalhães, A volvo Amílcar, Belo som Correia, Aluno Peixoto e Harmónio França.

A sessão começou com uma intervenção do Presidente Aperto Santos que referiu a recente inauguração de um troço de estrada com 900 metros à uma da manhã de um dia destes. Sai-me Neto, regozijou-se com o recente Mastro de trinta metros em Fonte Arcada, em que foram precisos mais de 70 gajos para levantar o pau. Antonino Pousa enfatizou as últimas Regatas à Vela em Entre-os-Rios, em que os vencedores da prova foram os jornalistas, com Tito Couto ao leme da nau catrineta. O trigo Lopes focou a necessidade de refeitórios em vários Jasmins de Infância e do sucesso Scolari no concelho. O vereador Vários Magalhães falou da entrada em funcionamento em 1 de Agosto da Empresa Municipal Penafiel Verde... branco e tinto. A volvo Amílcar chamou a atenção para a 27.ª Feira da Agrival. Disse que o certame deste ano vai ser uma Borga que em anteriores anos não teve.
Os vereadores do PS, também não deixaram os seus créditos por mãos alheiras. Assim, Belo som Correia questionou o executivo a propósito dos carrilhões gimnodesportivos que estão quedos e mudos. Aluno Peixoto perguntou porque razão o gabinete das acessibilidades é tão acessível que até fica bem lá em cima, no chapéu da Câmara Municipal. Para terminar, Harmónio França chamou a atenção para os problemas relacionados com o Enterro Sanitário.
A assistir a esta reunião esteve também o Dr. Barbeitos, do departamento financeiro da Câmara Municipal que só faz pagamentos a quem muito bem lhe apetece.

Escrita Light... com café

JORNAIS

O jornal “Fórum” de Paredes distribuído-gratuitamente-porque-senão-ninguém-lhe-pega, ainda consegue valer algumas notas de sem:

- Sem qualidade
- Sem credibilidade
- Sem nível
- Sem classe
- Sem alma... e sem virtude

07 agosto, 2006

O pescador lingrinhas

Um dia destes fui até Entre-os Rios ver os pescadores a pescar. Estavam lá muitos. Até gajas de cana na mão á pesca lá estavam. E eu, de mãos nos quadris, assim pensei: “tanta gente a entreter-se matando a natureza por desporto. Tanta gente atentando contra a vida de outros só para passar o tempo. Pelo menos é o que eles dizem: só para passar o tempo.”

Sentei-me na margem do rio e à sombra, porque o sol não pedia licença para me azucrinar a cabeça. Pus-me a olhar para um pescador ali perto. Passada que foi mais ou menos meia hora, eis que a cana de pesca começa a tremer. Peixe à vista. Uma boa carpa deu à costa presa por um fio, a debater-se procurando a todo transe libertar-se sem o conseguir.
O pescador era um lingrinhas. Tão lingrinhas, tão lingrinhas, que um dia se lhe aparecer no anzol uma carpa maior que aquela que eu vi a debater-se pela sua liberdade, ela, a carpa, dá-lhe nas trombas de certeza. Havia de ser bonito.

Mas como se não bastasse, o puto do lingrinhas, depois de tirar a carpa do anzol, pegou nela e meteu-a num saco de rede junto com a outra pescaria, voltando a coloca-lo dentro de água preso por um fio a uma pedra que estava na margem. O puto do lingrinhas para além de pescador, era torturador. Então depois de tirar o peixe da água, do seu habitat, do seu remanso, depois de nas calmas, lhe tirar o objecto assassino da boca, não é que o meteu de novo na água, mas de maneira que o peixe não pôde ir à sua vida. Às tantas este gajo já foi da pide.

O gajo era de facto um lingrinhas. Era magrito. Amarelo. Corpo enfezado. Cara de fome. Via-se que era um pelém do caraças. Se calhar foi pescar, não para se entreter, mas para depois comer. As várias carpas foram para forrar o seu depauperado estômago, coitado. Coitado do lingrinhas. Ele até pode ser um dos 200 mil portugueses que actualmente passam fome.

Fui embora logo a seguir. Não estava para ser espectador de um filme que atenta contra a minha formação, contra a minha sensibilidade, contra a minha maneira de estar na vida.

Para terminar, só me resta dizer que daqui a bocado vou comer um arroz de tomates com umas sardinhas fritas de se lhe tirar o chapéu. Só que este peixe não foi pescado na desportiva, nem por alguém que apenas se pretendia entreter. Por isso vai-me saber bem com certeza, porque aqui não há remorsos que me tirem o apetite.

05 agosto, 2006

O contador de anedotas

Terminei ainda agora de ler um artigo de opinião num jornal da região e ainda não parei de rir. O homem tem mesmo queda para as anedotas.

Com que então os nossos esquerdistas do Vale do Sousa, vestidinhos de calçõezinhos de anti americanismo, ou com a tanga do anti-semitismo vão para a praia brandir a bandeira do Líbano?

Ó Srs. vereadores da Câmara Municipal de Penafiel, Dr. Nelson Correia e Eng.º Nuno Peixoto, que farão parte da tal esquerda politicamente correcta, ponham-se finos. Vamos lá deixar de se bezuntarem com os óleos bronzeadores da moral. Vamos lá deixar de serem hipócritas ao condenarem os actos de Israel no Líbano, porque senão “nunca mais ganham eleições... e ainda bem”.

Com o exemplo que o homem deu sobre o conflito no Líbano, com a história do vizinho e do hóspede, vê-se que não percebe nada do que se está passar. Ele fica-se pelo que parece, ignorando o que de facto é na realidade. Ele não sabe nadar. Porque se soubesse nadar, mergulhava nas águas da piscina da questão e não se ficava pelo simples boiar. Veria que se as águas estão turvas à superfície, é por causa do que se passa no fundo.

Mas pronto as pessoas são como são e ninguém tem nada com isso. Ninguém tem nada a ver com o facto de este ou aquele cidadão (mesmo julgando-se o supra sumo, por exemplo, do jornalismo) apoiar esta ou aquela invasão, seja no Afeganistão, no Iraque ou no Líbano. Eles é que são os verdadeiros democratas. E se calhar não demora muito que estejam aplaudir a invasão de Cuba. Fidel que se cuide, porque senão nem os charutos se salvam. Parece que já estou a ver o nosso homem a fumar um “cubano” à boa maneira de Alberto João Jardim, gargalhando pelo facto de os EUA, terem alcançado o seu maior desiderato: transformar Cuba em mais um casino americano.

É um prazer ver o nosso homem a sorrir aplaudindo a democracia de Bush e seus lacaios como Blair, Aznar e Durão Barroso, este, o tal da cimeira de guerra nos Açores, o tal da tanga, lembram-se? que até jurou de pés juntos que havia armas de destruição maciça no Iraque.

Uma coisa é certa. Eu não comungo das ideias do presidente do Irão em riscar do mapa Israel, mas não fazia mal nenhum que o Hezbollah se enganasse a mandar um rocket (bastava um, apenas) para um determinado sítio que eu cá sei. Podia ser que riscasse alguma coisa.
Ah... Ah... Ah... Ah...!

03 agosto, 2006

Folíum ou Fodíum

Já há uns tempos que ando para falar deste assunto. E o assunto tem a ver com revista Folíum, recentemente lançada pela Associação dos Amigos do Arquivo de Penafiel, com a colaboração da Câmara Municipal de Penafiel.

Trata-se de uma revista com bom aspecto, cujo conteúdo versa vários temas. Desde a prostituição, a temas como o relacionado com a Quinta da Aveleda, passando pela emigração, nesta revista podia-se ter escrito algumas páginas da nossa penafidelidade. Mas tal não aconteceu.
A partir de documentos verdadeiros, podia-se ter recriado cenas, histórias, e ambientes de e em Penafiel e para penafidelenses de todo o mundo. Podia-se projectar, transportar, dar continuidade, catapultar aqueles documentos para verdadeiras histórias de encantar, que até seriam ponto de partida para alguma pedagogia cultural e histórica de Penafiel.

Esta revista não tem quanto a mim, interesse nenhum. Os penafidelenses que serão os que mais interessados podem estar na sua leitura, não deixarão de ficar desiludidos com semelhante conteúdo. São contadas algumas histórias de qualidade e interesse muito duvidosos.

Nesta revista, alguns dos “contos” para além de abusos de linguagem, contêm algumas imprecisões factuais, o que denota a falta de cuidado nela colocados. Assim, entre outros:

O texto “Estação Penafiel”, contem um plágio no último parágrafo da página 17. Tanto quanto me foi dado a conhecer, aquele parágrafo é de autoria de um tal Manuel Paula Maça e foi publicado na “Gazeta do Tejo” em data que se desconhece. Depois é de muito mau gosto especular sobre alguém) que até pode ter família viva em Penafiel) que se prostituiu por necessidade.

Eu só gostava de saber se algum dos membros que constituem a Associação dos Amigos do Arquivo de Penafiel, se a directora do Arquivo, se o Sr. presidente da Câmara de Penafiel, gostavam de ver “recriada” a vida de algum dos seus antepassados, com um passado menos bonito.

O conto “Ana da Silva, costureira de alfaiate” é de uma vulgaridade confrangedora. Faz lembrar uns livritos que correram de mão em mão nos anos sessenta, chamado “A Marca dos Avelares” que fez gaiolas para uma adolescência inteira, às escondidas de Pai Filho e Espírito Santo, mais o Salazar e a GNR.

Como bem faz entender o Serapião d´Algures, se aquela marmelada fosse feita por algum penafidelense, a coisa não seria tão doce. Mais, era capaz de fazer cair o Santuário do Sameiro ao lago. O que se calhar até seria positivo, porque podia dar origem a um tsunami capaz de destruir algumas intelectualices que por aqui vão dando à costa.

Para (não) se entender o quarto conto, é preciso lê-lo 500 vezes. Diálogos sem sentido, porque não se entendem. Alguém percebe aquilo? Alguém tem paciência para tretas daquelas? Ai estes intelectuais... estes intelectuais. Ainda estão piores que o Saramago, porra.

O autor do quinto conto, levou o Santíssimo Sacramento de Penafiel para Braga (ele é de lá), e para as freguesias da Vitória e Santo Ildefonso no Porto para o “Lava Pés”. Santíssimo Sacramento da Literatura, tende piedade de nós. Já estou a ver quem é que precisa de lavar os pés da imaginação.

O texto relacionado com a Quinta da Aveleda, diz que em 1831, esta terra era Arrifana de Sousa, quando toda a gente sabe muito bem, que já era Penafiel há mais de meio século.

Aqui chegado, devo dizer que a Associação dos Amigos do Arquivo de Penafiel, o Arquivo e a Câmara Municipal de Penafiel, não prestaram um bom serviço ao próprio Arquivo, à própria Câmara de Penafiel, à nossa terra e muito menos às pessoas visadas. Pelo contrário, desprestigiaram algum passado, alguma história e algum património penafidelense.

Por isso não posso estar de acordo com as palavras do Dr. Alberto Santos, presidente da Câmara Municipal de Penafiel, no prefácio da revista, quando diz que: “É de inteira justiça felicitar este naipe de eleitos que (re)criaram as histórias que esta revista traz agora à luz do dia, pelo enorme talento que revelaram, oferecendo ao leitor momentos de prazer na fruição de contos de rara beleza literária”.

Até podia ser, mas na minha opinião isso não aconteceu.

Para finalizar, tendo em conta a linguagem e o conteúdo dos textos de Héliot “Estação de Penafiel” e de Jorge Velhote “Ana da Silva costureira de alfaiate”, o título desta revista não devia ser Folíum, mas sim Fodíum...

02 agosto, 2006

O assalto à Câmara Municipal de Penafiel

Hoje dei uma espreitadela ao blogue do Dr. Nelson Correia. De entre os seus artigos mais recentes, notei um em que manifestava a sua admiração pelo silêncio da imprensa local em relação ao recente assalto à Câmara Municipal de Penafiel, perpetrado um destes dias.

De facto os jornais locais não fizeram grande alarido sobre o assunto. O “Notícias de Penafiel” falou (a partir de informação minha) no assunto muito resumidamente. O jornal “O Penafidelense” simplesmente ignorou, tal como o “Jornal 3 de Março”.

O que é que me cabe a mim dizer sobre o assunto? De facto desvalorizei o incidente, e faço aqui “mea culpa”.
Agora acredite, Dr. Nelson Correia, eu não falei no assunto, não porque tivesse receio de o fazer, não porque tivesse receio de entrar em rota de colisão com o executivo. Normalmente eu ando em rota de colisão com o mundo que me cerca, por isso...

De facto este problema passou-me ao lado, porque achei que não era muito importante, até tendo em conta o que me foi dito logo no dia seguinte: “isto está em fase de estudo e averiguações com os peritos, e em breve sairá uma nota final a informar o que se passou de facto”.
Mais tarde vim a saber que realmente o assalto à Câmara, teve consequências bem mais graves que aqueles que circularam um pouco pela comunicação social, que até levam a que se coloquem alguns pontos de interrogação.

Agora eu acredito que para o Sr. Dr. Nelson Correia, o assalto à nossa Câmara seja muito importante. É muito importante, porque olha para o incidente numa perspectiva política e (ainda pior) partidária. E todos nós sabemos como isto é. Tirar dividendos políticos é o fundo deste cenário.

Ó Dr. Nelson Correia, com que então “ longe vai o tempo em que a nossa imprensa local acompanhava a vida da autarquia e da comunidade”.
Só se for muito longe, porque desde que me lembro, os jornais de Penafiel eram uma pasmaceira de fazer sono.

01 agosto, 2006

Floribala, Floribela e Floribola

A nossa querida televisão é um espectáculo. A RTP desfaz-se em tiroteios. É filmes de cowbois com a aquela sinistra figura do regime McCartista da época da caça às bruxas nos EUA, John Wayne. É filmes de predadores e exterminadores protagonizados pelo governador da Califórnia. Filmes cuja linguagem é a da bala. É caso para dizer se a SIC tem a Floribela, a RTP tem a Floribala.

A SIC, andava precisadinha de se colar à TVI em matéria de audiências em horário nobre. Vai daí, inventou uma macaquinha eléctrica de nome Floribela, que é a principal personagem de uma telenovela para cachopos, que vai dos zero anos até quem goste. E não é que a macaquinha já está a dar resultado em termos de audiência? Não é por acaso que a pianista Maria João Pires diz que a criançada tem uma cultura muito elevada, por só saber falar da Floribela. É caso para dizer: se a RTP tem a Floribala, a SIC tem a Floribela.

A TVI, essa televisão anda toda regalada com o primeiro lugar nas audiências. Os seus “Morangos com Açúcar”, estão a adocicar os cofres do José Eduardo Moniz. Como se não bastasse, ei-la cheia de futebol. Ultimamente até jogos treino transmite directamente. E depois vem aí a Super Liga com jogos todas as semanas e comentários a toda a hora. É caso para dizer: Se a RTP tem a Floribala e a SIC tem a Floribela, a TVI tem a Floribola.

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