31 julho, 2006

O VERÃO


Como tudo que acaba / Como pedra rolando de uma fraga / Como fumo subindo no ar...”. Estes são alguns versos de “O Verão”, canção que Carlos Mendes levou à Eurovisão em 1968. O autor da letra, que não me lembro quem é, mas com certeza que devia gostar muito da estação estival. Naturalmente, como muito boa gente. Mas para mim ,o Verão é uma grandessíssima seca.

Eu sei que é no Verão que se gozam férias. Eu sei que é no Verão que as mulheres ficam mais bonitas. Que elas ficam mais atraentes com os fabulosos, garbosos e generosos decotes a descer até ao chão, e as saias e calções a subir até ao céu. Eu sei que sim! Mas... e o resto?

Cidades e cidades deste país à nora com falta de água. O país arde de calor, e o precioso líquido é uma miragem na quente paisagem, que o mesmo é dizer, que andamos há uma data de anos a pensar na morte da bezerra, e os espanhóis a fazerem barragens até dar com um pau, a prender a água que faz falta a tanta malta.

Os incêndios continuam a devastar matas, montes, florestas e vidas, (felizmente este ano, a coisa sossegou um pouco) sem que se aprove uma lei que obrigue à limpeza dos eventuais braseiros, e sem que a justiça tome medidas drásticas em relação aos pirómanos que vão sendo apanhados com os fósforos na mão.

É no Verão que a música “pimba” assalta tudo e todos com maiores frequências e audiências. Os Carreiras pai e filho, os Malhoas pai e filha, os Emanueis, os Toys, e por aí fora. Todos a facturar, via ignorância.

Não gosto do Verão também pelas temperaturas elevadas ao rubro, pela excessiva e despoetizada claridade dos dias, e claro... pelas touradas. As malditas touradas.

No Verão, a televisão, a rádio e os jornais fartam-se de publicitar aquilo que é sinónimo de obscurantismo cultural. É touradas por todo o lado. Não entendo, como é que, numa altura em que há (pelo menos parece haver) uma maior sensibilidade para com a defesa dos animais, e para repudiar essa “coisa” das arenas com sangue lá dentro, cada vez há mais touradas. A televisão (RTP especialmente), coitada, preocupada com as minorias de aficionados e audiências tauromáquicas, (menos de 7 por cento de quem vê televisão) transmite todas as semanas “faenas” e corridas de touros em horários nobres e ainda por cima sem o obrigatório círculo no canto superior direito do écran. Um serviço público que envergonha o bom senso. Porque é que as televisões no Verão, não se preocupam com as outras minorias? Com aquelas que gostam de por exemplo, de bailado, de teatro ou de ópera? Não tem dinheiro. Não tem verba para apostar no “supérfluo”.

É por estas e por outras que eu não gosto nada do Verão. Por isso não posso trautear como gostava a tal canção do Carlos Mendes, quando ela diz: “... O Verão já terminou / foi um sonho que findou / Não interessa mais pensar...”.

30 julho, 2006

F.C. de Penafiel

FUTEBOL CLUBE DE PENAFIEL

Vou continuar a falar de futebol, mas desta vez é para falar de futebol mais caseiro. Queria dizer algo sobre o que tem girado à volta do nosso clube mais representativo, o nosso maior embaixador, o FC de Penafiel.

Um dia destes foi convocada uma Assembleia Geral para 30 de Junho. Lá fui eu, que até nem sou muito dado a futebolices, saber o que ia sair dali, daquela importante reunião.

Não pude estar lá estar. Vim de requitó. A imprensa não podia estar presente. Não entendi nada. Eu nunca vi disto em Penafiel e o clube já tem 55 anos. O que é que iria ser discutido ali que a imprensa não pudesse ver e ouvir para depois contar como foi? Eu nunca vi disto em Penafiel e o clube já tem 55 anos, volto a dizer.

Soubemos depois que António Oliveira não quer ficar à frente dos destinos do clube, mas que apoia quem tome conta do leme da colectividade e que até ajuda o clube com uma determinada verba.

Em 30 de Junho, António Oliveira veio dizer aos sócios que não quer ficar à frente dos destinos do clube. Meu caro António Oliveira, isto devia ser dito há muito mais tempo, nunca em 30 de Junho. O campeonato acabou em Maio. Em 30 de Junho no mínimo, o Sr. Presidente já devia trazer tudo resolvido. Em 30 de Junho já deveria haver nova direcção e meio caminho andado para a nova época.

Eu acredito que num clube recém-despromovido a motivação não seja muita meu caro presidente António Oliveira, mas nem isso justifica tão grande descuido para com o clube da sua terra.

Aliás devo dizer que os problemas com o FC de Penafiel já vêm de trás. Eu sem ser uma pessoa muito ligada ao futebol, achei estranho o que se passou no Penafiel, nos últimos meses da época passada.

Como é que se pode admitir que o nosso maior embaixador tenha baixado de divisão sem que o Sr. Presidente da Direcção, ou o Sr. Presidente da Assembleia Geral tenham convocado os sócios para uma assembleia a fim de lhes ser transmitido algumas das razões de tão má época? Nós sabemos que alguém tem que descer. E o Penafiel tanto pode subir como descer. Mas o que aconteceu foi que o Penafiel desceu sem a mínima dignidade. Parece que o Penafiel desceu logo na primeira jornada. O Penafiel, desceu sem dor. Não soltou um ai. O Penafiel não esbracejou. Não remou contra maré. E a direcção nada disse. Toda a gente assumiu a descida sem que viesse vivalma dizer fosse o que fosse, sobre tal momento menos bom que o clube estava a atravessar. Ninguém informou ninguém do que se estava a passar. Parecia que o nosso clube, não tinha ninguém a dirigi-lo. Parecia que o nosso maior embaixador não tinha, nem rei nem roque. Penso que o nosso maior embaixador não merecia isto. Eu nunca vi disto em Penafiel e o clube já tem 55 anos.

Manuel alegre patriota


MANUEL alegre patriota
Sucesso scolari

Manuel Alegre é mesmo vidrado em bola. Neste Mundial, o homem escreveu coisas que eu nunca pensei ser possível vindas de um poeta. Não que a um poeta lhe seja vedado o gosto pela bola. Nada disso. Quem gosta de futebol, gosta, ponto final, parágrafo. Eu até podia gostar mais de futebol, se este espectáculo não se traduzisse num jogo de interesses, de negócios em que os clubes grandes estão sempre em cima e os pequenos são sempre os mesmos. Isto para além de ser também um grande sorvedor de dinheiros públicos. As Câmaras Municipais que o digam.
Com as suas crónicas, Manuel, o alegre patriota conseguiu intelectualizar o futebol, misturando a poesia de Sofia com as jogadas de Deco, Figo e companhia.

Mas o que me causou alguns foras de jogo foi o que ele escreveu a propósito da selecção nacional, que mais uma vez, diga-se, sob o comando do vendedor de relógios, nada ganhou. Manuel Alegre que consegue vislumbrar altas virtudes no futebol, escreveu muitos “poemas”, mas este que escreveu no dia seguinte à derrota portuguesa com a França, é de se lhe tirar o chapéu: “agora trata-se de agradecer à selecção o que ela fez por nós. A selecção restituiu ao povo português o orgulho nacional, com talento, patriotismo e convicção”. Haverá decerto quem tenha gostado deste pedaço de poesia. Há com certeza. Não é por acaso que mesmo perdendo o terceiro lugar neste mundial, os portugueses tenham ainda pinchado de alegria. Tudo bem. Só uma pergunta: Como é que a França que ficou em segundo lugar, ficou triste e nós que ficamos em quarto pulamos de contentes? É uma questão de cultura futebolística se calhar. Depois com tanto orgulho nacional, com tanto patriotismo, ainda vou ver os bandeirantes portugueses a apoiar os trabalhadores, futuros desempregados da GM na Azambuja.

O Manuel, alegre patriota, quando fala dos jogadores da selecção dá ênfase ao patriotismo, que, jogando como jogaram, conseguiram espalhar por todo o mundo. Só gostava de saber que tipo de portuguesismo e patriotismo são aqueles. Que patriota é por exemplo, o Cristiano Ronaldo que joga num clube estrangeiro contra clubes portugueses. E o Figo? E o Pauleta? E o Ricardo Carvalho? E o Meira? O patriotismo destes jogadores de futebol está é nas notas de euros. Ou é mentira? Veja-se o caso do pedido de isenção de IRS referentes aos prémios que tiveram por terem alcançado um “grande e prestigioso” quarto lugar. Ficamos todos felizes, Manuel, alegre patriota.

Quanto ao sucesso scolari, é de facto muito prestigiante. Em 2004 apesar da andança e festança, a selecção nacional tirou nota negativa, perdeu com a Grécia em casa. Em 2006, (também com os sub-21) as negas continuaram. Aliás, outro resultado não seria de esperar. O programa foi uma cópia do anterior, o método de trabalho foi igual, o professor foi o mesmo, e os alunos eram quase todos repetentes. O resultado só podia ser o que foi, um fiasco. É que o vendedor de relógios entendeu que “equipa que perde não se mexe”, por isso aqui está , o grande sucesso scolari.

Para terminar, devo dizer muito seriamente, que o Scolari é muito esperto. Ele vai ficar mais dois anos em Portugal, porque nós portugueses não somos muito exigentes naquilo que pedimos ao Felipão. Para nós portugueses, basta-nos que Scolari consiga unir os portugueses. Muitas bandeiras, muita festa e toda a gente a cantar o hino nacional. Se em termos de resultados, Portugal ficar em quarto ou quinto já é muito bom. Uma derrota é sempre uma vitória.
Scolari não vai para Inglaterra, para Itália, nem para a Alemanha, porque a pressão seria outra, pediam-lhe logo o titulo do quer que esteja a participar. E nisso ele não cai.

Claro que já foi campeão mundial pelo Brasil, poderão dizer e dizem muito bem. Mas ser campeão pelo Brasil nem é difícil, tal o campo de escolha de material humano para dar chutos numa bola e fabricar campeões.

Scolari ficou em Portugal porque Madaíl apenas lhe pediu para que a nossa selecção ficasse apurada para a fase final do Europeu de 2008, como se fosse difícil alcançar esse objectivo. Parece que ele não sabe que a nossa selecção é a mais forte do grupo nesta primeira fase. Com a fasquia colocada naquela altura, Scolari nem precisa de se esticar muito para lá chegar. Vai ganhar o seu ordenado com uma perna às costas. O vendedor de relógios não é burro nenhum. Quem for que vá para moleiro.

O blog "3 de Março"


O Jornal 3 de Março nunca teve uma edição online.
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