27 novembro, 2006

Quadras de Escárnio e Mal-Dizer

PANDEMIA DO GRANITO – Conclusão


Penafiel perdeu beleza
e perdeu muita magia,
co´a Calçada à Portuguesa
foi-se embora a poesia!

Os passeios da cidade
(que a cultura entrou em guerra),
mostram a sensib´lidade
de quem manda nesta terra!

Longas páginas de história
arrancaram com certeza,
A um livro de memória
da Calçada à Portuguesa!

Foi de todo aculturante
tirar do chão a cultura.
Numa obra delirante
de total contra-natura!

Penafiel, não adianta nada,
podes prantar à vontade.
Que de tanto adulterada
já não sei se és cidade!

Não sou de parar no tempo,
sou militante do progresso.
Um bom desenvolvimento
não é feito a qualquer preço!

Caminhos, ruas, lugares.
Minha antiga f´licidade.
Terra de sóis e luares.
Luzes de imortalidade!

Da bela rurbanidade
nossa penafid´lidade!


Fernando Beça Moreira

24 novembro, 2006

Quadras de Escárnio e Mal dizer

A PANDEMIA DO GRANITO Cap. III


Penafiel `stará melhor
c`os arranjos urbanísticos?
Ou `stará ela pior
c`os desarranjos graníticos!

Quem moderno quer fazer
sem respeitar o passado,
faça as obras que entender
mas que as faça noutro lado!

Deixem a cidade em paz
e gozar sua velhice.
Ela um dia morre e jaz
na pseudo-modernice!

Mudam tudo, tudo mudam
c`uma tal leviandade!
Os deuses que nos acudam
a esta calamidade!

Esta reabilitação
na ex-Praça do Mercado,
é uma obra de eleição
c`um muro de cada lado?

Um muro é um barramento.
Torna a paisagem sombria.
Mas pode uma escadaria
ser um belo monumento!

`Stá muito na moda agora
o granito não tratado.
A pedra sem arte chora
e não dá p`ra qualquer lado!

Penafiel `sta´de morrer
neste emb`lezamento urbano
È caso p´ra se dizer:
- Ena pá, c`um catano!

(Continua)

JORNAL 3 DE MARÇO - Opinião

OS TESTES NUCLEARES DA COREIA DO NORTE
E a Baixa Penafidelina


Fez-se um grande alarido por a Coreia do Norte, do grande democrata Kim Jung Il, filho do “querido líder” Kim Il Sung, ter efectuado recentemente uns testes nucleares numa zona árida, onde só há sol, pedras, pedregulhos e areia. Acho que semelhante zum-zum deveria ter sido feito, não pelo acto em si, mas pelo local onde foram realizados os testes.

Penso que foi muito trabalho deitado fora. Sim, porque, construir uma bomba nuclear deve dar uma trabalheira do caraças. Tanto tempo, energia e dinheiro gastos para depois ir tudo pró maneta, numa zona simplesmente desértica. Não valeu a pena o sacrifício, tal foi o desperdício. Deve ser frustrante ver que o trabalhão que tiveram, não serviu para deitar abaixo coisa alguma. Nem que fosse uma barraquita como aquela “tasca” que aqui em Penafiel e pelo S.Martinho ficou instalada no espaço do nosso antigo Cinema.

Acho que nós penafidelenses, deveríamos ir ter com os norte-coreanos e dizer-lhes para não desperdiçarem o seu desenvolvimento e consequente rebentamento nuclear em coisa nenhuma. Vamos convidá-los a sobrevoarem a cidade de Penafiel, porque aqui nesta terra há algumas coisas a merecerem uns ensaiozitos atómicos. Ó se há.

Porque não umas bombitas nos graníticos Largo da Ajuda, rua Alfredo Pereira e rua Joaquim Cotta, a mostrarem a falta de bom senso e bom gosto que por aqui campeiam, desde há uns tempos a esta parte? Mas atenção, que os danos colaterais destes testes sejam projectados, para algumas obras de arte penafidelense, como são os casos por exemplo, o novo parque de estacionamento no local do antigo Cine-Teatro S. Martinho e aquela jóia rara (pormenor surrealista) que é o suporte da esplanada (dentro de água) do Bar do Lago. (Parece que ninguém quer ver esta merda, f...).

Mas há mais locais onde o filho daquele paladino da liberdade, Kim Il Sung, podia largar mais umas bombocas. A saber: os passeios da nossa Baixa Penafidelina, desde o Café Bar até à Nova Doce. E as zonas graniticamente lindas com aquelas que vão desde a Assembleia Penafidelense, passando pela zona da antiga Praça do Mercado, agora com um muro de cada lado, (Ó Deus, será assim que se preserva o nosso património cultural), até ao Café Capri.

São de facto passeios e arranjos urbanísticos lindos, lindos, lindos, lindos, lindos, lindos. Mas mesmo lindos. Até cansa de tão lindos.

Acho que o Kim Jung-Il anda distraído de todo. Deve andar muito ocupado com a liberdade, com a democracia e com os direitos humanos que se praticam no seu país, para ignorar que em Penafiel, há locais a merecer uns testezitos nucleares.

Tendo em conta o resultado final que se vislumbra nestas mudanças urbanísticas que aqui vão acontecendo, isto só à bomba.

Lembra-te de nós, ó Kim!

Nota: Este texto foi construído tendo por base um outro que veio publicado numa revista de fim de semana, e que eu particularmente achei muita piada.

20 novembro, 2006

jornal 3 de Março - Opinião

PRÉMIOS LITERÁRIOS
E o concurso de Quadras de S. Martinho

Espero que este pequeno texto seja lido por muita gente, (porque isto diz respeito a toda a comunidade e não apenas a quem está relacionado com prémios literários), mas particularmente por duas pessoas: o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Penafiel, Dr. Alberto Santos e o chefe de redacção do jornal “Forum”, o jornalista Tito Couto.

Isto para dizer o seguinte: Um dia destes (04/11/06) o “Notícias” do Porto, nas suas páginas dedicadas à cultura dizia em título isto assim: “Escritor José Luís Peixoto dá nome a prémio”.
Mais adiante podia ler-se: “O escritor José Luís Peixoto vai ter um prémio literário com o seu nome, instituído pelo município de Ponte de Sor, (...) com o objectivo de homenagear o autor natural do concelho...”.

Depois de ter lido esta pequena peça jornalística, eu disse logo de mim para mim: “tal qual como o município de Penafiel, que homenageou um autor de... Paredes”.

Eu não vou voltar a um assunto destes. Não gosto de lembrar pecados velhos, e depois já muito se disse sobre esta tamanha injustiça praticada pela Câmara Municipal de Penafiel, tendo em conta os autores penafidelenses.

Como se sabe eu aludi o nome daquelas duas pessoas, porque foram as principais entidades envolvidas na instituição do prémio de poesia Daniel Faria.

Nota:
Porque razão o Sr. Vereador da Cultura do executivo camarário, não esteve presente na cerimónia da entrega dos prémios referentes ao Concurso de Quadras de S. Martinho do jornal “Notícias de Penafiel” Não tinha nada a ver com cultura? Era um evento sem importância?

15 novembro, 2006

JORNAL 3 DE MARÇO - Quadras de Escárnio e Mal-dizer

PANDEMIA DO GRANITO – Cap. II

Penafiel que tinha encanto
bem no centro da cidade.
Hoje sofre o desencanto
desta sua fealdade!

A requalificação
urbana, desta cidade,
é uma dura punição
à penafidelidade!

É nas ruas principais
que Penafiel s`ensombria.
Andam a inventar demais
com obras de sacristia!

Esta terra assim não medra
c´os arquitectos que tem.
Voltar à Idade da Pedra
é o projecto que aí vem!

Penafiel `stá mais escura,
adormece no cinzento.
P`los passeios d`amargura
deixa escapar um lamento!

Quem seriam os pintores
q`estes passeios pintaram?
Nesta obra de amadores
toda a Arte sepultaram!

O mobiliário urbano
na sua lôbrega cor,
não é mais q`um traço insano
numa pintura menor!

Penafiel era elevada
por poetas-escritores.
Hoje ela `stá empequenada
por engenheiros-doutores!

13 novembro, 2006

JORNAL 3 DE MARÇO - Quadras de escárnio e mal-dizer

A PANDEMIA DO GRANITO – Cap. I


Se Penafiel fazia
da Calçada uma riqueza.
Hoje faz com nostalgia
do granito uma pobreza!

Perderam de todo a cor
os passeios da cidade.
Penafiel perdeu valor
e penafidelidade!

Hoje há menos claridade
nesta terra, neste chão.
Há muito menos verdade,
muito mais mentira então!

Deixou-se de ver o céu
no reflexo dos passeios.
A su` alma escureceu
em estranhos devaneios!

Um dia vou acordar
com mais uma desgraça.
Ver a Câmara mandar
destruir a nossa Praça!

E não é a do Mercado,
dessa, já não há sinal.
É um pouco mais ao lado:
a Praça Municipal!

As árvores cortam-se todas,
não `stão lá a fazer nada.
Poupa-se tempo nas podas
e corre-se co`a passarada!

Mas ouvi alguém dizer,
que a Praça Municipal,
talvez `inda venha a ser
um Centro Comercial!

(Continua)

Fernando Beça Moreira

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