UM “VERDADEIRO OLHAR”
SOBRE A ASSEMBLEIA MUNICIPAL
Atendendo a que vou falar um pouco do novo jornal “verdadeiro olhar”, quero que me desculpe o jornalista Roberto Bessa Moreira, por quem tenho a maior consideração. Ele não terá grandes responsabilidades no assunto, mas, francamente o nome do novo periódico regional, não me parece muito feliz. Aquilo não é nome de jornal, valha-me deus. Aquilo parece mais o nome de uma telenovela da TVI. No melhor das hipóteses, podia dar um título bem interessante a um livro de poemas, vencedor do Prémio Daniel Faria.
Não tenho nada com isso, essa é que é essa. Portanto desembrulhei, desencaixei. Também não é por causa disso que o Bush vai invadir o Irão.
Mas o que eu nunca tinha visto, e vi no passado dia 22 de Junho, foi um jornal, que por acaso, ou não, era o “verdadeiro olhar”, ser transportado pelo motorista da Câmara Municipal de Penafiel, para o auditório da Assembleia Municipal (AM).
Quanto ao jornal em si, quanto ao seu conteúdo, não se me oferece dizer muito na verdade, já que estamos na presença do seu primeiro número. Por isso aqui vai apenas as primeiras impressões. A sondagem, a que o jornal deu grande destaque, não traduz nada, não acrescenta nada ao que se sabe. A mais de dois anos de distância das eleições autárquicas vir com uma sondagem em que confirma o que toda a gente sabe, parece-me pouco razoável. Nada de novo portanto. A penúltima página é um porquê.
Mas foi engraçado, ver toda a AM a lançar um “verdadeiro olhar” sobre o referido jornal. Até deu para que alguns deputados da bancada da direita, esfregassem as mãos de contentes perante os resultados da dita sondagem. Foi uma prenda de S. João que o jornal veio dar às cores da coligação de Alberto Santos, coisa que o Sr. presidente da câmara até nem precisava. Não havia necessidade.
Quanto à sessão da AM, eu estive lá pouco tempo. Permaneci no auditório apenas durante o período de antes da ordem do dia. Mas mesmo assim deu para sair dali com alguns pretextos para este texto.
E o primeiro pretexto deu-mo o Dr. Alberto Clemente, quando teceu os maiores encómios ao executivo de Alberto Santos, a propósito da beleza da nossa cidade.
Ó Dr. Alberto Clemente, por amor de deus, dispa a casaca partidária com que se veste sempre que vai para as sessões da AM e assuma verdadeiramente a pele de um comum cidadão penafidelense, e diga de sua justiça. Ponha o verdadeiro Alberto Clemente a falar e diga se Penafiel, está de facto mais bonita. Diga se a zona histórica, a zona mais nobre, está realmente mais linda, concretamente as ruas Alfredo Pereira, Largo da Ajuda, do Paço, Joaquim Cotta (obra de Agostinho Gonçalves), Praça Municipal rente ao Café Bar) e Avenida Sacadura Cabral (obra de Alberto Santos). Convença-me de que aquelas obras de remodelação urbana, não foram um autêntico atentado ao urbanismo e à cultura penafidelenses. Fale-me dos passeios. Fale-me da ausência da mais pequena arborização na cidade. Fale-me daqueles dois muros de granito, que ladeiam, encerram e encaixotam o espaço, onde se ergue o “imponente” mamarracho da antiga Praça do Mercado. Vá dar uma volta pelas ruas Faião Soares, Bom Retiro e Sacramento e veja com aquilo anda. Fale-me do lixo pelas ruas da cidade, e depois diga de sua justiça. Diga se Penafiel está ou não muito mais bonita.
Sr. Dr. Alberto Clemente, com todo o respeito que me merece, até porque é boa gente e um penafidelense de sucesso, fico com a impressão de que o seu conceito de beleza, está um tanto influenciado pela partidarite aguda de que sofre. Depois, tendo em conta a (criminosa, quanto a mim) substituição da antiga calçada à portuguesa pelos enormes, cinzentos e “modernos” blocos de granito nos passeios da cidade, eu gostaria que tivesse ouvido como eu ouvi, o Dr. Miguel Veiga (que navega nos mesmos mares ideológicos que os seus), dizer recentemente no Museu Municipal que, “quem não tem memória, morre de frio”. E eu temo que em Penafiel, muita gente ainda vá fazer tijolo, ainda vá desta para melhor a bater o dente e arrepiadinha de todo.
Uma dos pretextos finais, veio do Sr. Manuel Teixeira, presidente da junta de freguesia de Santiago. Estão de parabéns ele e o Dr. Mário Magalhães, presidente da administração da empresa municipal “Penafiel Verde”. Só num ano (de 23/06/06 a 22/06/07) a taxa de cobertura do saneamento, naquela freguesia passar de 40 para 95 por cento, é obra. Apre, assim tá bem. Assim, sim.
O outro pretexto final, veio do deputado municipal da coligação de direita, Eng.º Manuel António quando se insurgiu contra alguns blogues, que só sabem é destruir. Pronto, está bem. Então diga lá o que é destruir e o que é construir. Eu sei que quando as opiniões nos agradam, são positivas, são construtivas. Mas quando elas dizem cobras e lagartos de alguma coisa que nos é grato, já são vistas como destrutivas.
Já agora saiba o Sr. deputado, que este texto nunca seria publicado no jornal do regime Notícias de Penafiel (NP). Sabe porquê? Porque é um artigo destrutivo, negativo, subversivo. Logo o famigerado e desenterrado lápis azul entraria em acção. E sabe porque há lápis azul no NP? Porque este jornal tem um grande défice democrático. Tão simples com isto.