24 agosto, 2007

FALAR PENAFIDELENSE

A AGRIVAL
E A QUINTA DA AVELEDA

Nada me move contra a Quinta da Aveleda. Nada. Acho que esta quinta tem muita beleza, tem muitos encantos, para além dos seus excelentes produtos que de lá saem para muito lado.
Mas devo dizer que sempre tive uma relação de distanciamento com este naco de Penafiel. A Aveleda nunca me disse nada. Passou-me sempre ao lado. Reconheço os seus belos jardins e tudo o mais, mas sempre a achei muito senhora do seu nariz, inacessível, logo muito longe dos meus horizontes.

Sempre tive a impressão que a Aveleda era um mundo à parte e pouco integrada com a cidade que é seu berço. É, ao fim e ao cabo, um espaço privado, aristocrático, hermético e distante do comum cidadão penafidelense.
Vem daí a minha estranheza e incompreensão pela recente nomeação pela Junta de Freguesia de Penafiel, da Quinta da Aveleda para representar esta freguesia, como sua maior maravilha, num concurso para eleger as sete do nosso concelho, que decorreu na Agrival.

Eu já disse que foi um erro de palmatória esta selecção. Acho que é pura subserviência para com uma empresa, para com um espaço que até exige pagamento para ser visitada. E paga-se bem. Paga-se mais do que se paga para entrar na Agrival, cujo bilhete custa dois euros. Uma empresa de excelentes vinhos e óptimos queijos, que afinal de contas, nem se fez representar na Feira Agrícola do Vale do Sousa. É verdade, é mesmo verdade, a Quinta da Aveleda não esteve na Agrival.

Mas atenção, que esta subserviência (se não é subserviência, é muita distracção), já tinha acontecido há uns anos. O livro (bom livro), “Penafiel”, de autoria da directora do Museu Municipal, Dr.ª Teresa Soeiro, tem na capa, uma foto da Quinta da Aveleda.

E foi numa das últimas “vistas de olhos” que dei neste livro, que reparei em algo que despertou a minha curiosidade: a Quinta da Aveleda tem nos seus jardins, um cruzeiro seiscentista, que (palavras do livro) apresenta na sua face interior o Cristo Crucificado, e no fuste S. João Evangelista e na face posterior, vê-se uma pietá. Este belo cruzeiro, estava situado junto à Igreja Matriz, na segunda metade do século XIX, como mostra um desenho na página 56 do mesmo livro.

Ainda gostava de saber (eu e todos os penafidelenses que se interessam pelo património histórico-cultural de Penafiel) como é que o dito cruzeiro foi parar à Quinta da Aveleda. Gostaria que o Sr. presidente da administração desta empresa, eng.º António Guedes, me (nos) informasse, se é que tem essa possibilidade, em que circunstâncias foi feita esta trasladação, tendo em conta que Manuel Pedro Guedes, seu familiar directo, foi uma figura muito importante na Quinta da Aveleda e em Penafiel, tendo sido mesmo presidente da Câmara Municipal, entre 1883 e 1887.

Para finalizar, regresso ao tema da Agrival, para deixar duas notas:
A primeira, é para dizer que este ano não fui lá. Não fui convidado, nem tido nem achado. Mas deu para perceber e por isso chamo a atenção de Adolfo Amílcar, que com tantos grupos folclóricos, com tantas actuações desta bela modalidade musical na Feira, e não houve nem “unzinho” para actuar no dia mundial do folclore, que se comemorou no dia 22 de Agosto.

A segunda nota vai para a empresa Prata de Melo, para lhe dar os parabéns porque escolheu uma bela foto para publicitar os seus produtos no livro (belo livro) da Agrival. Qual havia de ser: O Sameiro nocturno.
Nocturno ou diurno, o Santuário da Nossa Senhora da Piedade é de facto o nosso maior ex-líbris, quer queiram, quer não queiram. Só não o é para a Junta de Freguesia de Penafiel, vá-se lá saber porquê.

14 agosto, 2007

FALAR PENAFIDELENSE

AS 7 MARAVILHAS DE PENAFIEL

Numa iniciativa do Rotary e Rotaract Club de Penafiel, o nosso concelho vai conhecer as suas 7 maravilhas, numa eleição levada a afeito na e durante a Feira da Agrival.

Todas as Juntas de Freguesia apresentaram as suas candidaturas. Todas as freguesias estão representadas através dos seus mais belos locais, dos seus mais belos postais. Galegos e Oldrões apresentaram candidatura comum: O castro do Monte Mózinho. São portanto 37 os concorrentes às 7 maravilhas de Penafiel.

Sim senhor. Se estou mais ou menos de acordo com as maravilhas apresentadas pelas 37 freguesias, o mesmo já não acontece com a candidatura da freguesia de Penafiel. Mais gostaria de saber quais os critérios seguidos pela Junta de Freguesia de Penafiel para apostar na Quinta da Aveleda como sua representante.

Eu sei que o conceito de beleza pode diferir de cidadão para cidadão. Eu sei que nesta matéria há muita subjectividade. Claro que há goste disto aqui e não aprecie aquilo lá mais adiante. Mas a nomeação da Quinta da Aveleda para representar a minha freguesia é de bradar aos céus. É mesmo de caixão à cova. Onde pode chegar o ridículo da situação.

É caso para perguntar se as pessoas envolvidas nesta escolha, na selecção da Quinta da Aveleda pela minha freguesia, sabem qual o sentido da palavra “penafidelidade”? Se têm a noção do que é Sentir Penafiel de verdade? Não sabem e não sentem.

Eu não vou dizer qual é para mim, a maravilha da freguesia de Penafiel. A minha freguesia tem tantas que me é difícil seleccionar uma só. Não estou a pensar propriamente nos “lindos” e largos passeios graníticos da avenida principal. Também não me merece nenhum reparo o monumental “monumento” que veio substituir a antiga Praça do Mercado. Muito menos o cada vez mais “airoso” espaço que substituiu o malogrado Cine-Teatro S. Martinho.

Eu só vou dizer que não me parece correcto levar a Quinta da Aveleda a concurso para maravilha de Penafiel. A Quinta da Aveleda tem de facto pormenores lindíssimos no seu interior. Mas trata-se de um espaço privado, pouco acessível ao comum dos penafidelenses, por isso não está no coração dos cidadãos desta freguesia, como está por exemplo: o Sameiro, a Praça da República, o Jardim do Calvário a Praça Municipal, o espaço envolvente à Igreja da Matriz, a Rua do Carmo, a zona da Capelinha no final da rua Faião Soares, etc, etc..
Se a escolha pertenceu de facto à Junta de Freguesia de Penafiel (e os jornais dizem que sim) esta, mais uma vez não esteve à altura do que dela se esperava. Cometeu um erro do tamanho desta iniciativa, isto é, quanto maior for o seu sucesso, maior é o disparate cometido ao propor a Quinta da Aveleda.

Uma coisa parece certa, a Junta de Freguesia de Penafiel, não tem a mínima noção do que é belo na sua terra. Esta nomeação, esta candidatura, mais parece uma encomenda de publicidade àquela empresa vinícola, de que afinal todos, ao fim e ao cabo, até gostamos... da sua pinga.

Na minha perspectiva, esta eleição está ferida na sua credibilidade, tamanho foi o erro de selecção cometido, no que diz respeito à representante da freguesia de Penafiel.

È por estas e por outras, que é preciso substituir este executivo da Junta de Freguesia de Penafiel, nas próximas eleições de 2009.
É por estas e por outras que: se há pessoas que se incomodam com aquilo que eu escrevo, eu incomodo-me muito mais com aquilo que as pessoas fazem.

Essa é que é (B) eça.

07 agosto, 2007

FALAR PENAFIDELENSE

A(S) PISCINA(S)

De repente toda a gente falou delas. De um momento para o outro, todo o mundo ficou a saber que as piscinas nas termas de S. Vicente, estavam votadas ao abandono. Que estavam degradadas. Que aquilo mais parecia um matagal interrompido por uns tanques de água suja proveniente da chuva.
Parece que ninguém sabia disto. Não sabia o Sr. presidente da Junta de Freguesia do Pinheiro, nem o Sr. Eng.º Manuel António. Tanta gente distraída. Quem andou da perna, quem esteve à altura dos acontecimentos, foi o PS de Penafiel que, rápido à bilheteira, logo emitiu um comunicado à imprensa fazendo acusações, pelo estado lastimável das piscinas.
Quanto vale um blogue, senhores políticos. Quanto vale um blogue senhores jornalistas, para estar a par dos assuntos mais quentes. Então a consulta do Penhafidélis não é meio caminho andado? Bruxo!
A estória conta-se em duas penadas.
No último sábado de Julho, o Sr. vereador do PS, eng.º António França e mais três “manfios”, isto é, eu, o Bica e o Soares de Cabeça Santa, após solicitação deste, fomos dar uma volta por aquela freguesia para ver umas “coisas”, como por exemplo, um valente “lago” sem a mínima vedação, a céu aberto, junto a uma pedreira na dita freguesia do nosso concelho. (atenção que pode estar aqui um perigo público. Isto merece um olhar atento por parte das autoridades políticas desta terra).
Como estava muito calor, como o sol já estava a fazer estragos nas nossas moleirinhas, isto é, nos 100 biliões de células pensantes que todos temos, alguém alvitrou: e se fôssemos dar um mergulho às piscinas das termas de S. Vicente, que é aqui perto? Bora daí dissemos logo, que já suávamos por tudo quanto é pele e pêlo. Mas não temos calções de banho, disse um. Não faz mal, nadamos em cuecas, disse outro. Bora daí gritamos em uníssono, já em passo de corrida para o carro. E qual Pedro Lamy, o Soares colocou um paralelo no acelerador e em menos de meio tempo, já estávamos a estacionar junto ao pobre e tosco Posto de Turismo de S. Vicente.
Chegamos lá (às piscinas das Termas), e qual foi o nosso espanto ao verificarmos que não podíamos chapinar nas cálidas águas uns com os outros. Não podíamos nadar vigorosamente de prego ao fundo. Não podíamos enfim, imitar, quiçá superar, na maior o Spitz, o Felps ou o Paulo Friksceneths. Muito menos manjar umas garinas em topless atrás de uns óculos escuros de cinco euros comprados nos chineses. Nada. Tudo vazio. Tudo fechado. Tudo abandonado e tudo cada vez mais quente.
Mas o mais decepcionado era eu. È que fui lá todinho a pensar em recriar o filme da minha vida, “A Piscina” com a Romy Schneider e Alain Delon, dos anos sessenta. Parecia que já estava a ver a bela Sissi toda nua. Já estava a ver o filme sem cortes como aconteceu há 40 anos. Mas debalde. De grilo. Qual Sissi, qual nua. Nada. Só caganatos. Caganatos e rãs a coaxarem, como quem ri destes quatro “manfios” que pensavam que as piscinas nas Termas de S. Vicente, serviam de cama para o sol se deitar com a água e dali nascer um poema de amor.

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